sexta-feira, 1 de julho de 2011

PORTUGAL QUE CRISE? A ENERGIA DO DOURO E A TOURADA DE LISBOA, SÃO O REMÉDIO SANTO







Ia falar de Novembros que se mantêm, e matam a primavera, ou seja, do 25 de Novembro 75 ( Boaventura Santos também dele fala na Visão de hoje, logo ainda é assunto da agenda ...) que matou a primavera de Abril. É o avó, e não o bisavó desta situação, cujo pai e mãe, é a má governação, sujeito, hermafrodita do rotativismo e que só tem um sexo, lixar o zé povinho, com uma parceria PS, PSD e CDS e uma "desparceria" entre os demais.


Neste ambiente, sem uma revolução só podemos cair no cativeiro neo-liberal, o que, vai acontecendo, sem qualquer indignação das classes média-média e média alta que são progressivas no seu verbo humanista, mas absolutamente rígidas e fechadas na defesa dos seus interesses económicos, ou dito de um modo, mais claro, são mesmo reaccionários, isto é, defendem que quem tem de pagar a crise são os doentes, os desempregados, os que andam nos transportes públicos e na escola pública, ou seja, os serviços públicos têm de se restringir ao mínimo, os funcionários públicos têm de ser mal pagos e nada de agravamento fiscal sobre o consumo e os rendimentos, esta, é a classe média, por excelência.


A nível da classe média baixa há outra gente mais progressiva, mas para os que sonham com uma classe média aborrecida a ser revolucionária, de facto não percebem nada de psicossociologia das classes médias. Elas, obviamente, que se aborrecem pelo facto de dentro do neo-liberalismo do PSD e do PS, haver a contradição social-democrata, ponto parágrafo.


Ia falar destas e de outras coisas, mas fiz uma visualização aos canais das TV, e o que vi às 22 e 30 deste dia um de Julho? Um deslumbrante programa na SIC - energia Douro - com palco flutuante, em que seria rei, Rui Veloso, e outros tais de que a abaixo falarei.


Na SIC tudo era deslumbrante, e lá uma velhota disse que estava satisfeita, porque era uma festa do Povo, e eu partilho da sua alegria, e se digo que a festa do Povo da Madeira da passagem do ano é justa, também direi que o Santo António em Lisboa e do S. João no Porto, são festas justas.


Mas, já me parece um indicador de pujança económica, a dias do S. João do Porto, surgir uma outra festa, agora, da EDP, que é uma empresa pública em dificuldades, a comemorar, com pompa e circunstância, trinta e tal anos de uma gestão assim, assim, e com uma política de preços cara e inadequada, e sem apresentar uma solução para diferenciação das águas potável e não potável, ou tornando o preço da potável proibitivo para dados usos.


Todavia, como o sr. Presidente da República disse que era para consumir bens portugueses, a EDP lá seguiu a recomendação, e levaram o conjunto the Gift que só cantou uma muito pertinente canção em Português e que providencialmente lá dizia: Que será de nós?


De tudo o que cantaram foi a única coisa que percebi, mas isso pode dever-se a dois defeitos meus, um, o evidente fanatismo - por todos os poros, os míopes e cegos só vêem a minha patológica ortodoxia- outro a tal perda de audição do artilheiro. Mas de facto, o que será de nós?


Nós que, contrariamente, aos retratos robot do bloco de esquerda, não estamos muito aborrecidos com tudo o que está acontecer, como quem anda por aí pode claramente ver.


Vejo idilícamente milhares de portugueses em vida viçosa ou viciosa por tudo quanto é sítio, gastando pouco, ou um pouco mais, ingerindo álcool e gorduras em excesso, 30% das nossas crianças ou são obesas ou têm peso a mais.


Observo também aquela zona da Expo 98, entre as 12 e as 14 horas, cheia de gente feliz a encher até os tectos os bons restaurantes, para uma refeição de faca e garfo, bem sentadinhos, e todos aqueles automóveis de alta cilindrada a circularem na avenida da liberdade e arredores ás catadupas, e pergunto-me, mas onde mora a crise?


A esta mesma hora a RPT1 transmitia uma esplendorosa tourada e a TVI remédio Santo e nos intervalos mais publicidade de carros topo da gama, as melhores férias, as mulheres mais lindas l'oreal etc. etc. Tudo um céu na terra.


Ora, juntando toda esta tralha parece que com a energia do Douro que pagamos à EDP, com as touradas que pagamos à RTP1 "tá" tudo feito,para encontrarmos o verdadeiro remédio santo, para toda a parvoeira dessa gente tresloucada que, como eu, anda a falar de crise e que nos vamos lixar.


Para a China dizem que aquilo vai rebentar dentro dos próximos 10 anos, apesar do crescimento economico brutal, e nós dentro de quantos anos vamos explodir ou implodir com uma recessão significativa e um crescimento acelerado dos idosos e inactivos?


Para onde vamos, como os CfIT, GRITO: QUE SERÁ DE NÓS?


Gostaria de reaver o meu ......./avo dos euros que a EDP gastou na festa Energia Douro. O que poderei fazer e vocês?


andrade da silva

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