Portugal vem-me buscar
Portugal vem-me buscar
Meu país meu bem, meu deus
Estende teus braços de mar
Leva-me a navegar
De volta aos caminhos teus.
Portugal vem à procura
De tua filha distante
Vê que me afundo em ternura
E de toda esta lonjura
Não há quem me desencante.
Portugal olha por mim
Estou pr’além dos Pirinéus
Minha dor não chega ao fim
E se pra tão longe vim
Foi por desdita dos meus.
Portugal, vem-me buscar
Meu país e meu amor
Olha meus braços abertos
onde só cabem desertos
Cheinhos da minha dor
Marília Gonçalves
2 comentários:
Pode levar o poema para o fb ou para onde desejar
abraço
Marília
Lindo o seu poema Marília!... Carregado de ternura e de saudade e enquadrado por uma estrutura poética que nos leva aos céus da literatura. Confesso que gostaria imenso de poder aceder a esses cumes.
Sei pelo nosso amigo comum, o caro Andrade da Silva, (que também, para além de muitas mais virtudes, compõe muito boa poesia) que gostou de poemas que eu enviei para ele e ele publicou no blog. Por isso, tomo a liberdade de lhe enviar algumas das minhas poesias que lhe irão falar da forma como eu sinto e expresso algumas das muitíssimas “BELEZAS DO MEU ALENTEJO” – uma forma de lhe falar de Portugal em jeito de partilha de emoções que foi como eu senti este seu belo poema.
1) Primeiro tema – Ao cantar do cuco.
O BOSQUE EM ALVOROÇO
Enquanto canta o cuco, diz o gaio:
Já chegou o malandro, preguiçoso…
Que vamos nós fazer? Ave dum raio…
Eu nunca vi um tipo tão manhoso.
O pintassilgo diz: Daqui não saio,
Vou procurar o ramo mais ventoso,
Que eu já me habituei, de lá não caio
E o cuco é grandalhão mas é medroso.
Já começou no bosque o alvoroço
E quando o cuco emite as suas notas
Chilreia insegura a passarada;
Mas a felosa diz: Eu cá, não ouço.
Enquanto alguns vão dando corda às botas
Vai ficar p’ró martírio a desgraçada.
Enviar-lhe-ei, depois, outro sobre os muitos cucos predadores que também vogam por aqui.
Matos Serra
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