Dizem os que se julgam
muito argutos e muito senhores do seu tempo,
protagonistas e agentes históricos do hoje e do amanhã que a História não se repete, o que, sendo uma
verdade elementar, é muitas vezes
afirmado por elitistas em que o narcisismo ultrapassa a sapiência; e a
ignorância mais apagada, os propósitos inteligentes e generosos de fazer que o
mundo pule e avance.
De Pulos e avanços sabem os generosos e heróicos
construtores dos dias inteiros que a humanidade tem vivido, mais no espaço
euro-americano do que no asiático, africano, e onde reinam teocracias inumanas
com base, numa interpretação inimiga da
humanidade, do Islão.
Porém, num espaço de
mulheres e homens nobres, livres, fraternos e conscientes de que o valor
superior que existe em todo o cosmos será sempre a humanidade, ou um seu
equivalente noutra galáxia, o conhecimento dos actos históricos associados à
gesta humana, e, neste caso particular, aos portugueses de outras épocas, é um
imperativo moral intelectual e de autoconsciência
nacional indeclinável, para
prosseguirmos o DESÍGNIO DO PORTUGAL DEMOCRÁTICO REPUBLICANO E INDEPENDENTE.
Nós portugueses temos
uma longa história, 900 anos, travamos guerras e batalhas, e fizemos outros tão
grandes feitos que permitiu ao épico
Camões escrever a grande obra prima da Humanidade, os Lusíadas, em que, canta tão alto, tão imortais factos que todos
trazemos na mente e no coração, e é bom trazê-los no coração, isto é, trazê-los
vivos nas emoções, de outro modo, semeariam
uma memória semântica- cemitério, defeito maior de alguns cidadãos reconhecidos
como cultos, mas não produtores de luminosidade.
Todavia, e para
engrandecimento deste pequeno-grande pais que é Portugal, sem nenhum bacoco nacionalismo, muitos outros, depois de
Camões, nos entusiasmaram não só falando da obra passada, mas também sobre o
que esse passado -herança nos podia permitir sonhar.
Sonhar, para realizar, e nesta janela do Futuro, entre outros, muitos
outros, surgiu o Padre António Vieira, dizendo às gentes do seu tempo, mas sobretudo
aos vindoiros que Portugal ainda se cumpriria na dimensão moral, civilizacional
ao nível planetário.
Compreendo que é um grande sonho, mas de facto
a seiva da vida é para tanto construtor dos Mundos - o SONHO. Sem sonho, sem
criatividade, sem beleza, sem amor, sem pensamento divergente não há 5ª
Império, só há decadência, ficar plantado no passado, dito de um modo chão - morte inglória.
Não fugindo à mais
elementar regra da história é também natural - tão natural, como dizer bom dia, quando em nossas casas, é
possível tomarmos em conjunto o pequeno almoço, sobretudo nos dias primaveris- que em tempos de reconhecida crise Europeia
e portuguesa, uns mais que outros, mas
quase todos, falem dos egrégios avós que nos podem guiar na dupla encruzilhada,
em que nos encontramos, sobretudo neste
dia, 1 de Dezembro 2012, em que comemoramos, ou recordamos a restauração da independência
de Portugal em 1640.
Nós, este pequeno povo, como dizia Camões, e há
dias o repetiu António Fidalgo, por erros nossos, má fortuna e amores ardentes
estamos onde estamos, mas pesa muito no nosso fardo de regressão civilizacional, o facto de
estarmos numa terrível situação de má Fortuna Europeia que parece ser o raiar
de uma tremenda CONTRA-REVOLUÇÃO ALEMÃ, ou Mundial para
eliminar e substituir tudo o que seja herança, quiçá lembrança, da Revolução
Francesa, por outra realidade, substituindo o conceito e a vivência da
LIBERDADE, por uma outra pré-ordenada para obter eficácia e eficiência; A
IGUALDADE pelo DNA prussiano da selecção natural e social em que o mais apto e
dotado desenvolve individualmente as
suas aptidões e vence, e os que ficam para trás morrem; e, naturalmente que a
FRATERNIDADE neste universo não faz nenhum sentido, onde, o núcleo duro fundamental
será o elitismo e mesmo o racismo.
Estando nós no meio
desta borrasca que forças, que ensinamentos nos dão o povo português e os seus
aliados apesar diferenças abissais, e nas semelhanças angustiantes dos tempos e
das lutas que travaram nas primeiras décadas do século XVII, para restaurarem a
independência de Portugal, perdida para o reino de Castela no tempo dos Filipes,
réis de Castela e de Portugal?
Como também é evidente,
não sendo um historiador, vou-me referir à luta do povo português plebeu, de então e dos nobres seus aliados, mais na perspectiva estóica, heróica que nos pode alimentar a motivação transcendental
nos dias de hoje, do que na da narração
dos factos em si.
Naturalmente, escolhi este período da história
porque, por mais distante que esteja no tempo, há uma proximidade incrível nos
métodos. Também Filipe III de Espanha, colocou Portugal, contrariando a
Prudência do seu pai, sob um governo de magistrados castelhanos ( a troika de
antanho) que vieram residir para
Portugal, para esmifrarem Portugal das suas riquezas e o povo através de
violentos impostos. Esta má sorte secular dos estrangeiros que quando chegam a esta ocidental
praia lusitano fazem connosco sempre a mesma coisa, esmifram-nos, acompanha-nos,
mas nunca nos venceram. Nunca nos vencerão!
Depois de nos termos
preparado em terras seguras façamo-nos aos mares já dantes navegados, e
aportemos às cortes de Almeirim, em 1580.
No decorrer destas
morre o Cardeal-rei D. Henrique, o Casto, que por morte de D. Sebastião foi coroado, mas pela sua condição eclesiástica
e de casto não tinha deixado sucessor nem tinha nomeado ninguém para o suceder.
Nesta conformidade a
Governação do reino é entregue a cinco governadores todos favoráveis à entrega do reino a Filipe II de Espanha, no que eram acompanhados por
muitos outros nobres e membros do clero, com a tal oposição do povo.
Se aquele nobres
pensaram em entregar Portugal ao estrangeiro, melhor o fizeram, com a passagem para a
eternidade do Cardeal, O Casto, que de tão casto que era, em 1539 foi nomeado inquisidor geral do reino,
e, como tal, responsável pelos crimes e
horrores aceites, dessa maldição que foi a Inquisição, nesses tempos, como mais
perto de nós foi a PIDE, também aceite pelo país, em consequência da perversão do pensamento e
dos valores, facto que deve alertar,
aqui, agora e sempre, os espíritos de
todas as mulheres e homens de bem e de virtudes.
Mas, voltando a 1580, neste
transe da morte de D. Henrique, os colaboracionistas entregam o reino de Portugal a Filipe II de Castela que passa a ser também
rei de Portugal, após a sua proclamação nas cortes de Tomar de 1581- as cortes
da vergonhosa traição: MISERÁVEIS!
Todavia, este Filipe
que mereceu o cognome do Prudente, entendeu que devia respeitar a autonomia de
Portugal, segundo a formula dois reinos e um só Rei, algo, na semântica
politica semelhante com o que hoje vai
acontecendo por Macau com a China:
um só país, dois sistemas.
Contudo, o prudente rei espanhol respeitava os portugueses mas não
somente quanto bastasse, ou melhor, respeitava os que aqui o apoiavam.
Este Rei estrangeiro - Filipe I de Portugal - não merecia o apoio do heróico povo que sob a liderança de D. António Prior
do Crato se levantou contra o domínio de
Castela, mas foi derrotado na Batalha de Alcântara por um poderoso exército
castelhano, porém manteve-se Imortal e nobre a Alma Nacional
deste nosso Povo.
Com os
colaboracionistas portugueses Filipe II de Castela lá vai governando Portugal,
e nos vai envolvendo nas suas lutas com Inglaterra, pela hegemonia do Atlântico.
Na Invencível Armada
Castelhana lá estão barcos portugueses. Com a destruição desta armada, Portugal
também sai penalizado e nada satisfeito, por andar a alimentar disputas de
outrem, totalmente estranhas aos interesses do reino de Portugal.
Por mais mal que
estejamos, ainda pode haver um amanhã pior, conhecimento histórico fundamental,
e, assim, aconteceu naqueles tempos
longínquos com a sucessão de Filipe II, por Filipe III de Castela, com este
novo rei o equilíbrio anteriormente
estabelecido de dois reinos e um rei rompe-se por completo, e Filipe III que tinha a sua
corte em Espanha, e pouco tempo passava em Portugal, não hesitou em
colocar em Lisboa um corpo de
magistrados castelhanos que governavam o reino por sua delegação.
Esta especiosa e estranha governação aos interesses
lusitanos, por uma certa antecipação aos nossos tempos de reajustamento, também
julgou que os portugueses tinham um destino
fatal, o de serem pagadores de impostos,
e, vai daí, garrotearam os portugueses com impostos. Por esta via, uma crise económica larvar se
instala, agrava-se e com ela o sentimento anti-espanhol que nunca
abandonou o povo, mas foi conquistando nobres.
O agravamento da
situação económica, o cada vez maior sentimento anti-espanhol leva a que no dia
um de 1 Dezembro de 1640 um punhado de conjurados, sabendo do apoio incondicional
do Povo, da plebe, se dirija ao Paço da Ribeira para proclamarem a
independência e D. João, Duque de Bragança, rei de Portugal, o que, logo foi
aceite pelo povo, sabendo todos o preço que teriam de pagar, e pagaram, mas
venceram, como disso somos consequência – somos portugueses.
Então, estes conjurados
não deixaram sem punição o símbolo da dominação espanhola, o secretário de Estado Miguel de Vasconcelos,
cuja vida não foi poupada.
Restauração da Independência que teve custos, todavia porque o povo nunca está do lado
errado da história, e ao não estar permite sempre que os melhores dentro de nós façam o que é certo, e se reerga o pais, e,
isto, é um legado histórico que não pode ser esquecido,
ou muito pior traído sem ser por cima do cadáver dos Portugueses.
Se agora voarmos até aos
nossos dias - que vemos?
Em primeiro lugar um
denso e cerrado nevoeiro sobre a realidade financeira, social, politica e
económica do País. Pouco sabemos de quanto, e se temos reservas estratégicas
desde as alimentares às energéticas, sem esquecer os recursos humanos que garantam
a nossa independência.
Também vemos o dinheiro
do nosso esforço se escoar no pagamento de milhares de milhões de juros especulativos,
7,2 mil milhões em 2013, e até mesmo mil
milhões de euros ou mais na compra de submarinos que tem um todo semelhante com
a compra de outrora dos barcos para a invencível armada, agora, em prol do PIB,
por agora, ainda não vencido do estado alemão.
Para além do dinheiro
que sai, vemos um país de quase terra queimada,
por uma política que uns funcionários estrangeiros, com total apoio da Alemanha, FMI e Comissão
europeia impõem a um governo que parece não ser dos nossos.
Há uma
politica de negação da nossa qualidade de europeus com um património histórico,
cultural, vivencial único, o que, mais se agrava, porque este
governo nunca explica bem o que está a
fazer e nem as suas políticas produzem o que os seus mentores proclamam,
evocando sempre factores exógenos, ou seja,
a crise dos outros, e quanto a nós com as prespectivas positivas com efectivação sempre adiada, seria 2013 o ano da inversão da tendência, mas já não
será, talvez um dia seja, quem o
sabe!?...
Neste dilúvio de esperanças desfeitas,
pedem-nos para confiarmos mas em quê pergunta-se, se tudo o que se está a fazer
é mero experimentalismo que não obedece a nenhuma regra ou principio já restabelecido,
ou realidade efectiva que se conheça, pelo menos com sucesso social económico e
humano geral e universal, sobretudo para o povo plebeu?
Se parte dos caminhos
que nos dispomos a percorrer têm a ver com os aspectos fundamentais das
motivações transcendente – pelas causas
– e a intrínseca, a autossatisfação de se fazer o que está certo, então, face a
estes dois vectores psicológicos, parece evidente que discursos políticos que
neguem a realidade que conhecemos e sofremos, como se estivéssemos algures num manicómio
a assistir a um psicodrama com um tema
sobre uma governação mágica, um
mundo paralelo, não pode deixar de ser muito perigoso.
Se este discurso tipo
mágico não pode ter qualquer efeito mobilizador da nação, até porque pode assentar mesmo na perversão moral e
intelectual do pensamento de quem o faz, criando um quadro mental para
explicar e levar os seguidores a aceitarem tudo de um modo acrítico, e se a ele
se associa um agravamento muito explosivo da situação social e económica do
pais, por causa de aumentos brutais de impostos que se praticam, assumindo que
estão para além capacidade contributiva
dos concidadãos, podemos,
consequentemente, estarmos a nos abeirar de uma situação muito próxima da que levou todo um povo à batalha de
Alcântara no inicio do século XVII, e talvez fosse condição necessária, agora, pura e simplesmente surgir, entre nós, o novo Prior do crato ,que é bem mais concreto,
real e provável que um D. Sebastião que jamais virá, por ter ficado insepulto em Alcácer-Quibir.
Mas se o povo plebeu
está sempre do lado certo da história, e cada vez mais parece que somos
governados pelo lado errado da mesma
história, onde, andeiros e Vasconcelos
conduzem o pais quase até à capitulação, pergunto-vos e pergunto-me se já
há, ou haverá, em tempo oportuno, entre
nós, um novo António Prior do Crato, ou
outro grupo de liderança com grandes portugueses, os primeiros inter- pares, que mobilizem a
Nação para reerguer na força e vitalidade Portugal, país independente, que honra os
compromissos, que à luz da moral, da justiça e dos critérios honestos
sejam realmente da Nação?
Não sei o que nos
reserva as horas da História que estão para a frente, não sei se o relógio da
história marca uma nova Batalha de Alcântara, mas pressinto que o relógio da história de Portugal e da Europa batem as
badaladas da Revolução Politica que compatibize a Democracia Parlamentar com a
Democracia participativa e especializada, como uma forma eficaz do Povo exercer
o poder soberano, que é um alicerce
fundador e razão da democracia – o poder do Povo- e
interromper a sistemática traição à palavra e honra dadas nos programas políticos
votados e aos interesses estratégicos de Portugal que garantem a nossa independência
que é sacrificada pela destruição arrasadora dos bens públicos.
Creio que esta necessidade
da Revolução política para a 1ª metade
do século XXI, como uma fase de transição
para outra realidade, é um Imperativo Nacional e da autoconsciência, e que se a
perdermos, perderemos, ainda mais vezes, o 1º de Dezembro de 1640,e talvez já
sem retorno.
É tempo da RESTAURAÇÃO
de PORTUGAL, através de um AMPLO, FORTE E INVICTO MOVIMENTO DA CIDADANIA:
INTERGERACIONAL, SUPRA PARTIDÁRIO DE SOCIAIS-DEMOCRATAS, SOCIALISTAS, COMUNISTAS
E GENTE DE VIRTUDE E BEM; EMPREGADOS, DESEMPREGADOS, REFORMADOS, DOMÉSTICOS E ABANDONADOS
QUE LEVE À DEMISSÃO DESTE GOVERNO E À CONSTITUIÇÃO DE UMA ALTERNATIVA GOVERNATIVA
NACIONAL, PATRIÓTICA, COM OS MELHORES DOS MELHORES DOS PORTUGUESES: DA SOCIEDADE
CIVIL, DO MUNDO DO TRABALHO, DAS UNIVERSIDADES DAS ORDENS PROFISSIONAIS, DAS INSTITUIÇÕES
E DAS FORÇAS ARMADAS, PARA DURANTE O PERÍODO DE REAJUSTAMENTO FAZEREM O QUE É
CERTO, IMPERATIVO E URGENTE:
- RENEGOCIAR os prazos
e juros de pagamento da divida;
- CRIAR ALIANÇAS COM
TODOS OS GOVERNOS E POVOS DA EUROPA DO SUL E OUTROS, para uma mudança da política
europeia no sentido da coesão, da solidariedade e da mutualização;
- RESTAURAR O ESTADO SOCIAL
em bases justas e adequadas;
- COMBATER COM EFICÁCIA
E DETERMINAÇÃO a corrupção, a economia paralela, a evasão fiscal, o
branqueamento e fuga de capitais;
- RESTAURAR a justiça;
- RESTAURAR A ECONOMIA E O EMPREGO, através de
um programa de investimentos na agricultura, pescas e reindustrialização do país,
no duplo sentido: mercado exportador e mercado interno , nomeadamente na
substituição de importações;
- CRIAR UM SISTEMA FISCAL
JUSTO, EQUITATIVO que englobe todos e seja efectivamente progressivo.
- ABRIR UM PERÍODO CONSTITUINTE para alterar a Constituição no sentido da constitucionalização do
controlo soberano pelo POVO da Governação, através da compatibilização da Democracia
Parlamentar com a participativa e a especializada, esta, com base nas ordens
profissionais;
-CONTRIBUIR
decisivamente a nível das instâncias internacionais - mundial e europeia- para um controlo
efectivo do comércio Internacional, nomeadamente no cumprimento das regras de qualidade dos
produtos, concorrência leal e respeito pelas leis internacionais do trabalho, dos
direitos humanos, particularmente nos mercados de trabalho da Ásia e
na China.
- etc.etc.
1 de Dezembro de
2012, 372 depois de 1 de Dezembro de
1640.
andrade da silva
PS:Foto de Fernando Barbosa.
MUITO BEM VINDA MARIA FILIPA
MUITO BEM VINDA MARIA FILIPA
2 comentários:
Parabens Andrade da Silva por esta magnífica peça literária que através da gloriosa História do nosso querido País nos transporta desde há 372 anos até aos conturbados e preocupantes dias de hoje. Documento Histórico de importância crucial pela reflexão que faz e que automática e naturalmente nos leva a fazer relativamente ao passado, presente e futuro.Obrigada por mais este grito de alerta.
Com a admiração de sempre, Maria José Gama
Cara Amiga Maria José
Felizmente, antes do dia que Portugal será (?) de novo matado, para depois ressuscitar, num outro dia longinguo, há almas justas e sensíveis, como a sua que dão força para que se continue a gritar: PORTUGAL! PORTUGAL!
asilva
Enviar um comentário