sábado, 1 de dezembro de 2012

O NOBRE E IMORTAL POVO PORTUGUÊS NA ENCRUZILHADA FILIPINA E NA DE HOJE. (1 DEZEMBRO 1640, 1 DEZEMBRO 2012)





Dizem os que se julgam muito argutos e muito senhores do seu tempo,  protagonistas e agentes históricos do hoje e do amanhã que a  História não se repete, o que, sendo uma verdade elementar, é muitas vezes  afirmado por elitistas em que o narcisismo ultrapassa a sapiência; e a ignorância mais apagada, os propósitos inteligentes e generosos de fazer que o mundo pule e avance.

De Pulos e  avanços sabem os generosos e heróicos construtores dos dias inteiros que a humanidade tem vivido, mais no espaço euro-americano do que no asiático, africano, e onde reinam teocracias inumanas com base, numa  interpretação inimiga da humanidade, do Islão.

Porém, num espaço de mulheres e homens nobres, livres, fraternos e conscientes de que o valor superior que existe em todo o cosmos será sempre a humanidade, ou um seu equivalente noutra galáxia, o conhecimento dos actos históricos associados à gesta humana, e, neste caso particular, aos portugueses de outras épocas, é um imperativo moral intelectual  e de autoconsciência nacional  indeclinável, para prosseguirmos o DESÍGNIO DO PORTUGAL DEMOCRÁTICO REPUBLICANO E INDEPENDENTE.

Nós portugueses temos uma longa história, 900 anos, travamos guerras e batalhas, e fizemos outros tão grandes feitos que permitiu ao  épico Camões escrever a grande obra prima da Humanidade, os Lusíadas,  em que,  canta tão alto, tão imortais factos que todos trazemos na mente e no coração, e é bom trazê-los no coração, isto é, trazê-los vivos nas emoções, de outro modo,  semeariam uma memória semântica- cemitério, defeito maior de alguns cidadãos reconhecidos como cultos, mas não produtores de luminosidade.

Todavia, e para engrandecimento deste pequeno-grande pais que é Portugal, sem nenhum  bacoco nacionalismo, muitos outros, depois de Camões, nos entusiasmaram não só falando da obra passada, mas também sobre o que esse passado -herança nos podia permitir sonhar.

 Sonhar, para realizar,  e nesta janela do Futuro, entre outros, muitos outros, surgiu o Padre António Vieira, dizendo às gentes do seu tempo, mas sobretudo aos vindoiros que Portugal ainda se cumpriria na dimensão moral, civilizacional ao nível planetário.

 Compreendo que é um grande sonho, mas de facto a seiva da vida é para tanto construtor dos Mundos - o SONHO. Sem sonho, sem criatividade, sem beleza, sem amor, sem pensamento divergente não há 5ª Império, só há decadência, ficar plantado no passado, dito de  um modo chão - morte inglória.

Não fugindo à mais elementar regra da história é também natural - tão natural,  como dizer bom dia, quando em nossas casas, é possível tomarmos em conjunto o pequeno almoço, sobretudo nos dias primaveris-  que em tempos de reconhecida crise Europeia e  portuguesa, uns mais que outros, mas quase todos, falem dos egrégios avós que nos podem guiar na dupla encruzilhada, em  que nos encontramos, sobretudo neste dia, 1 de Dezembro 2012, em que comemoramos, ou recordamos a restauração da independência de Portugal em 1640.

 Nós,  este pequeno povo, como dizia Camões, e há dias o repetiu António Fidalgo, por erros nossos, má fortuna e amores ardentes estamos onde estamos, mas pesa muito no nosso fardo   de regressão civilizacional, o facto de estarmos numa terrível situação de má Fortuna Europeia que parece ser o raiar de uma tremenda CONTRA-REVOLUÇÃO ALEMÃ, ou Mundial   para eliminar e substituir tudo o que seja herança, quiçá lembrança, da Revolução Francesa, por outra realidade, substituindo o conceito e a vivência da LIBERDADE, por uma outra pré-ordenada para obter eficácia e eficiência; A IGUALDADE pelo DNA prussiano da selecção natural e social em que o mais apto e dotado desenvolve individualmente  as suas aptidões e vence, e os que ficam para trás morrem; e, naturalmente que a FRATERNIDADE neste universo não faz nenhum sentido, onde, o núcleo duro fundamental será o elitismo e mesmo o racismo.

Estando nós no meio desta borrasca que forças, que ensinamentos nos dão o povo português e os seus aliados apesar diferenças abissais, e nas semelhanças angustiantes dos tempos e das lutas que travaram nas primeiras décadas do século XVII, para restaurarem a independência de Portugal, perdida para o reino de Castela no tempo dos Filipes,  réis de Castela e de  Portugal?

Como também é evidente, não sendo  um historiador, vou-me referir à luta do povo português plebeu, de então e dos nobres seus aliados, mais na perspectiva estóicaheróica que nos pode alimentar a motivação transcendental nos dias de hoje, do que na da narração  dos factos em si.

 Naturalmente, escolhi este período da história porque, por mais distante que esteja no tempo, há uma proximidade incrível nos métodos. Também Filipe III de Espanha, colocou Portugal, contrariando a Prudência do seu pai, sob um governo de magistrados castelhanos ( a troika de antanho)  que vieram residir para Portugal, para esmifrarem Portugal das suas riquezas e o povo através de violentos impostos. Esta má sorte secular  dos estrangeiros que quando chegam a esta ocidental praia lusitano  fazem  connosco sempre a mesma coisa, esmifram-nos, acompanha-nos, mas nunca nos venceram. Nunca nos vencerão!

Depois de nos termos preparado em terras seguras façamo-nos aos mares já dantes navegados, e aportemos às cortes de  Almeirim, em 1580.

No decorrer destas morre o Cardeal-rei D. Henrique, o Casto, que por morte de D. Sebastião  foi coroado, mas pela sua condição eclesiástica e de casto não tinha deixado sucessor nem tinha nomeado ninguém para o suceder.

Nesta conformidade a Governação do reino é entregue a cinco governadores todos favoráveis  à entrega do reino a Filipe II  de Espanha, no que eram acompanhados por muitos outros nobres e membros do clero,  com a tal oposição do povo.

Se aquele nobres pensaram em entregar Portugal ao estrangeiro,  melhor o fizeram, com a passagem para a eternidade do Cardeal, O Casto, que de tão casto que era,  em 1539 foi nomeado inquisidor geral do reino, e, como tal,  responsável pelos crimes e horrores aceites, dessa maldição que foi a Inquisição, nesses tempos, como mais perto de nós foi a PIDE, também aceite pelo país,  em consequência da perversão do pensamento e dos valores, facto que  deve alertar, aqui,  agora e sempre, os espíritos de todas as mulheres e homens de bem e de virtudes.

Mas, voltando a 1580, neste transe da morte de D. Henrique, os colaboracionistas entregam  o reino de Portugal  a Filipe II de Castela que passa a ser também rei de Portugal, após a sua proclamação nas cortes de Tomar de 1581- as cortes da vergonhosa traição: MISERÁVEIS!

Todavia, este Filipe que mereceu o cognome do Prudente, entendeu que devia respeitar a autonomia de Portugal, segundo a formula dois reinos e um só Rei, algo, na semântica politica semelhante  com o que hoje vai acontecendo por Macau  com a China: um  só país, dois sistemas.

Contudo, o prudente  rei espanhol respeitava os portugueses mas não somente quanto bastasse, ou melhor, respeitava os que aqui o apoiavam. 
Este Rei estrangeiro -  Filipe I  de Portugal - não merecia o apoio do heróico  povo que sob a liderança de D. António Prior do Crato  se levantou contra o domínio de Castela, mas foi derrotado na Batalha de Alcântara por um poderoso exército castelhano,  porém  manteve-se Imortal e nobre a Alma Nacional deste  nosso Povo.

Com os colaboracionistas portugueses Filipe II de Castela lá vai governando Portugal, e nos vai envolvendo nas suas lutas com Inglaterra, pela hegemonia do Atlântico.

Na Invencível Armada Castelhana lá estão barcos portugueses. Com a destruição desta armada, Portugal também sai penalizado e nada satisfeito, por andar a alimentar disputas de outrem, totalmente estranhas aos interesses do reino de Portugal.

Por mais mal que estejamos, ainda pode haver um amanhã pior, conhecimento histórico fundamental, e,  assim, aconteceu naqueles tempos longínquos com a sucessão de Filipe II, por Filipe III de Castela, com este novo rei  o equilíbrio anteriormente estabelecido de dois reinos e um rei rompe-se  por completo, e Filipe III que tinha a sua corte em Espanha, e pouco tempo passava em Portugal, não hesitou em colocar  em Lisboa um corpo de magistrados castelhanos que governavam o reino por sua delegação.

Esta especiosa  e estranha governação aos interesses lusitanos, por uma certa antecipação aos nossos tempos de reajustamento, também julgou que os portugueses tinham  um destino fatal, o  de serem pagadores de impostos, e, vai daí, garrotearam os portugueses com impostos.  Por esta via, uma crise económica larvar se instala,   agrava-se e  com ela o sentimento anti-espanhol que nunca abandonou o povo, mas foi conquistando nobres.

O agravamento da situação económica, o cada vez maior sentimento anti-espanhol leva a que no dia um de 1 Dezembro de 1640 um punhado de conjurados, sabendo do apoio incondicional do Povo, da plebe, se dirija ao Paço da Ribeira para proclamarem a independência e D. João, Duque de Bragança, rei de Portugal, o que, logo foi aceite pelo povo, sabendo todos o preço que teriam de pagar, e pagaram, mas venceram, como disso somos consequência – somos portugueses.

Então, estes conjurados não deixaram sem punição o símbolo da dominação espanhola,  o secretário de Estado Miguel de Vasconcelos, cuja vida não foi poupada.

 Restauração da Independência que teve  custos, todavia porque o povo nunca está do lado errado da história, e ao não estar permite sempre que os  melhores dentro de nós  façam o que é certo, e se reerga o pais, e, isto,  é um  legado histórico que não pode ser esquecido, ou muito pior traído sem ser por cima do cadáver dos Portugueses.

Se agora voarmos até aos nossos dias  - que vemos?

Em primeiro lugar um denso e cerrado nevoeiro sobre a realidade financeira, social, politica e económica do País. Pouco sabemos de quanto, e se temos reservas estratégicas desde as alimentares às energéticas, sem esquecer os recursos humanos que garantam a nossa independência.

Também vemos o dinheiro do nosso esforço se escoar no pagamento de  milhares de milhões de juros especulativos, 7,2 mil milhões em 2013, e até mesmo  mil milhões de euros ou mais na compra de submarinos que tem um todo semelhante com a compra de outrora dos barcos para a invencível armada, agora, em prol do PIB, por agora, ainda não vencido do estado alemão.

Para além do dinheiro que sai, vemos um país de quase terra queimada,  por uma política que uns funcionários  estrangeiros,  com total apoio da Alemanha, FMI e Comissão europeia impõem a um governo que parece não ser dos nossos.

 Há  uma politica de negação da nossa qualidade de europeus com um património histórico, cultural,  vivencial  único, o que, mais se agrava, porque este governo  nunca explica bem o que está a fazer e nem as suas políticas produzem o que os seus mentores proclamam, evocando sempre factores exógenos, ou seja,  a crise dos outros, e quanto a nós com as prespectivas positivas com efectivação sempre adiada, seria 2013 o ano da inversão da tendência, mas já não será,  talvez um dia seja, quem o sabe!?...

 Neste dilúvio de esperanças desfeitas, pedem-nos para confiarmos mas em quê pergunta-se, se tudo o que se está a fazer é mero experimentalismo  que  não obedece a nenhuma regra ou principio já restabelecido, ou realidade efectiva que se conheça, pelo menos com sucesso social económico e humano geral e universal, sobretudo para o povo plebeu?

Se parte dos caminhos que nos dispomos a percorrer têm a ver com os aspectos fundamentais das motivações transcendente –  pelas causas – e a intrínseca, a autossatisfação de se fazer o que está certo, então, face a estes dois vectores psicológicos, parece evidente que discursos políticos que neguem a realidade que conhecemos e sofremos, como se estivéssemos algures num manicómio a assistir a  um psicodrama  com um tema  sobre uma governação mágica, um  mundo paralelo, não pode deixar de ser  muito perigoso.

Se este discurso tipo mágico não pode ter qualquer efeito mobilizador da nação, até porque   pode  assentar mesmo na perversão moral e intelectual do pensamento  de  quem o faz, criando um quadro mental para explicar e levar os seguidores a aceitarem tudo de um modo acrítico, e se a ele se associa um agravamento muito explosivo da situação social e económica do pais, por causa de aumentos brutais de impostos que se praticam, assumindo que estão para além  capacidade contributiva dos concidadãos,  podemos, consequentemente, estarmos a nos abeirar de uma situação muito próxima  da que levou todo um povo à batalha de Alcântara no inicio do século XVII, e talvez fosse condição necessária, agora,  pura e simplesmente  surgir, entre nós,  o novo Prior do crato ,que é bem mais concreto, real e provável  que um  D. Sebastião que jamais virá, por ter ficado  insepulto em Alcácer-Quibir.

Mas se o povo plebeu está sempre do lado certo da história, e cada vez mais parece que somos governados pelo lado errado da mesma  história, onde, andeiros e Vasconcelos  conduzem o pais quase até à capitulação, pergunto-vos e pergunto-me se já há, ou haverá, em tempo oportuno,  entre nós, um  novo António Prior do Crato, ou outro grupo de liderança com grandes portugueses, os   primeiros inter- pares, que mobilizem a Nação para reerguer na força e vitalidade Portugal, país independente,  que honra os  compromissos, que à luz da moral, da justiça e dos critérios honestos sejam realmente da Nação?

Não sei o que nos reserva as horas da História que estão para a frente, não sei se o relógio da história marca uma nova Batalha de Alcântara, mas pressinto  que o relógio da  história de Portugal e da Europa batem as badaladas da Revolução Politica que compatibize a Democracia Parlamentar com a Democracia participativa e especializada, como uma forma eficaz do Povo exercer o poder soberano, que é um alicerce  fundador e razão da democracia – o poder do Povo-  e  interromper a sistemática traição à palavra e honra dadas nos programas políticos votados e aos interesses estratégicos de Portugal que garantem a nossa independência que é sacrificada pela    destruição arrasadora dos bens públicos.

Creio que esta necessidade  da Revolução política para a 1ª metade do século XXI, como  uma fase de transição para outra realidade, é um Imperativo Nacional e da autoconsciência, e que se a perdermos, perderemos, ainda mais vezes, o 1º de Dezembro de 1640,e talvez já sem retorno.


É tempo da RESTAURAÇÃO de PORTUGAL, através de um AMPLO, FORTE E INVICTO MOVIMENTO DA CIDADANIA: INTERGERACIONAL, SUPRA PARTIDÁRIO DE SOCIAIS-DEMOCRATAS, SOCIALISTAS, COMUNISTAS E GENTE DE VIRTUDE E BEM; EMPREGADOS, DESEMPREGADOS, REFORMADOS, DOMÉSTICOS E ABANDONADOS  QUE LEVE À DEMISSÃO DESTE GOVERNO E À CONSTITUIÇÃO DE UMA ALTERNATIVA GOVERNATIVA NACIONAL, PATRIÓTICA, COM OS MELHORES DOS MELHORES DOS PORTUGUESES: DA SOCIEDADE CIVIL, DO MUNDO DO TRABALHO, DAS UNIVERSIDADES  DAS ORDENS PROFISSIONAIS, DAS INSTITUIÇÕES E DAS FORÇAS ARMADAS, PARA DURANTE O PERÍODO DE REAJUSTAMENTO FAZEREM O QUE É CERTO, IMPERATIVO E URGENTE:

- RENEGOCIAR os prazos e juros de pagamento da divida;

- CRIAR ALIANÇAS COM TODOS OS GOVERNOS E POVOS DA EUROPA DO SUL E OUTROS, para uma mudança da política europeia no sentido da coesão, da solidariedade e da mutualização;

- RESTAURAR O ESTADO SOCIAL em bases justas e adequadas;

- COMBATER COM EFICÁCIA E DETERMINAÇÃO a corrupção, a economia paralela, a evasão fiscal, o branqueamento e fuga de capitais;
- RESTAURAR a justiça;

-  RESTAURAR A ECONOMIA E O EMPREGO, através de um programa de investimentos na agricultura, pescas e reindustrialização do país, no duplo sentido: mercado exportador e mercado interno , nomeadamente na substituição de importações;

- CRIAR UM SISTEMA FISCAL JUSTO, EQUITATIVO que englobe todos e seja efectivamente progressivo.

- ABRIR UM PERÍODO CONSTITUINTE para alterar a Constituição no sentido da constitucionalização do controlo soberano pelo POVO da Governação, através da compatibilização da Democracia Parlamentar com a participativa e a especializada, esta, com base nas ordens profissionais;

-CONTRIBUIR decisivamente a nível das instâncias internacionais  - mundial e europeia- para um controlo efectivo do comércio Internacional, nomeadamente no  cumprimento das regras de qualidade dos produtos, concorrência leal e respeito pelas leis internacionais do trabalho, dos direitos humanos, particularmente nos mercados de trabalho da   Ásia e na China.
- etc.etc.

1 de Dezembro de 2012,  372 depois de 1 de Dezembro de 1640.

andrade da silva

PS:Foto de Fernando Barbosa.

MUITO BEM VINDA MARIA FILIPA

2 comentários:

Maria José Gama disse...

Parabens Andrade da Silva por esta magnífica peça literária que através da gloriosa História do nosso querido País nos transporta desde há 372 anos até aos conturbados e preocupantes dias de hoje. Documento Histórico de importância crucial pela reflexão que faz e que automática e naturalmente nos leva a fazer relativamente ao passado, presente e futuro.Obrigada por mais este grito de alerta.
Com a admiração de sempre, Maria José Gama

andrade da silva disse...

Cara Amiga Maria José
Felizmente, antes do dia que Portugal será (?) de novo matado, para depois ressuscitar, num outro dia longinguo, há almas justas e sensíveis, como a sua que dão força para que se continue a gritar: PORTUGAL! PORTUGAL!
asilva