Eça de Queiroz, através do seu alter-ego, dizem, o João da Ega, disse tudo sobre estas sucessivas camadas diluvianas da asneira e do esbulho que nas várias situações, dentro da situação, têm dirigido Portugal e os portugueses -uma trágica- história marítima e terrestre que só um grande povo, ou o seu contrário, são capazes de suportar.
É certo muito que mais de 2/3 da população mundial vive bem pior que nós, é bom nunca o esquecer, como tanto se esqueceu. Todavia neste mundo dito dos brancos, dos doutores e dos civilizados, ou seja, o espaço Euro- americano, ou ainda dito de outro modo, a tão cantada civilização Ocidental, nós, apesar de todo o grande privilégio, o dos burgueses e burguesotes, a cujo este último grupo pertenço- sem nunca esquecer todas as minhas costeletas de povo-plebeu que ainda me doem na alma e no coração, por mim, mas, sobretudo, pelos que continuam donde vim - estamos na cauda, das caudas destes falsos contos de fada: ser pobre é ser pobre; ser sem -abrigo, é ser sem-abrigo,aqui ou na China, ponto.
Por falta de cidadania, espírito critico temos sido dirigidos pelos piores entre os piores e nada nos salvou: nem liberais, nem a 1ª República, pior o fascismo, nem o 25 de Abril, nem essa sombra vampiriana do 25 de Novembro e muito menos estes tempos de semi-democracia que "bamos" penando - todos estes governos, governaram para si e compadres, muitas vezes praticando crimes horrendos: os da PIDE, a colonização, o empobrecimento forçado e escravizador de muitos e muitos portugueses, para bem, glória e proveito de 1% dos donos da Terra e 10% dos seus capatazes feitores e mais uns quantos de mercenários e eunucos.
De um outro modo, o revisitado João da Ega, através de Rentes de Carvalho tão bem o refere: " esta nossa desgraçada pátria não tem compostura, nem remédio Elites que pensem, governem a sério, façam justiça, ponham ordem nas instituições e nas finanças? Nunca tivemos, nunca vamos ter. Ao longo dos séculos habituamo-nos à podridão e ao desleixo, ao cada um por si. Mentimos por natureza, roubamos quanto podemos, o ódio e a inveja correm-nos no sangue, o que mais nos diverte é maldizer. Resumindo: uma nação de pelintras e comadres... uma estrumeira"
Porém, há nobre povo: o meu pai; a minha mãe; o ti Jaime, um idoso de 82 anos de Vendas Novas no 25 de Abril, que já partiu; as muitas heróicas mulheres do Alentejo, Barreiro, Marinha Grande, Funchal que lutaram tanto pelos seus direitos e dos seus filhos; tanto homem bom e justo que trabalha por tanto lado. Serão sempre muito poucos, mas se se encontrarem poderiam mudar a sina do nosso suicídio, ou, talvez, mais propriamente da nossa pequenez - miséria, escravatura, futebol, telenovelas, jogo da sueca, bilhardice, copos de tinto, conversas de intriga, subserviência e nada querer fazer para derrotar definitivamente esta estrumeira. Todavia o desencontro é a hora e o espaço deste pouco e nobre povo.
O João da Ega, Eça e outros animaram-se e animaram a ideia da possibilidade de uma Revolução libertar Portugal, assim não aconteceu, hoje, no" VAH: construir o Futuro" queremos ou deveríamos pensar assim, mas... será que tantas correntes do passado não nos amarrarão a nós e a outros à correnteza do sempre pro fundo - morrer, ser escravo: a liberdade é lepra eterna,bem mais perigosa que a biológica?
Os ecos do Futuro, se houver dirão, entretanto, que me cale, agradecerão uns, porque não ficaria pedra sobre pedra, se fosse competente para o efeito, mas também não o sou... pudera!.. e que o Futuro aconteça... porém, todavia, contudo...
Daqui vos abraço com esta água límpida e quente destas paragens com sabor à ilha dos Amores de Camões.
andrade da silva
PS: Boa estadia a Luís de Carvalho pelas terras de Porto Santo, terra de facto abençoada, como são todas as Terras e Povos.
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