segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

40 ANOS APÓS O INÍCIO DA REFORMA AGRÁRIA.NÃO MATEMOS A HISTÓRIA

                  há 40 anos falando ao Povo de Évora

Mensagem enviada ao Povo da TerraTranstagana reunido em Évora,a  7 Fevereiro 2015


Caras e caros companheiros   da terra Transtagana ,Alentejanas e Alentejanos, Gente da minha gente de Abril.

Motivos éticos e de solidariedade pessoal e que se  cruzam com a nossa Revolução não me permitem estar convosco fisicamente,mas estou, como sempre, ao vosso lado,desde a batalha do povo contra a reacção, travada na herdade Sousa da Sé há 40 anos,e por aí fora.

Foram dias, foram noites de longas batalhas da Glóriosa Revolução no Alentejo- de Setúbal a  Fronteira, passando por Pegões, Coruche, Couço, Mora, Cabeção, Vendas Novas, Lavre, Cortiçadas do Lavre, Montemor,Escoural, Évora, Pias, Aljustrel etc.etc.

Travamos essas batalhas quando os latifundiários queriam criar uma situação de fome, desemprego e desespero para que o Alentejo se levantasse contra Abril.

Todavia. a aliança povo MFA, com o apoio do General Vasco Gonçalves, mas a nível do Exército do grande General da Revolução, Carlos Fabião, não o permitiu,e só o conluio traidor dos militares dos nove com o PS, PSD, CDS e os terroristas do ELP destruiu a revolução,a paz,e os direitos cidadãos no Alentejo, em Novembro de 1975.

Diziam que as ocupações das terras eram selvagens, hipocritamente, o Quartel General de Évora nos documentos oficiais dizia que umas não seriam, supostamente, as que o MFA acompanhava, mas a verdade é que no discurso directo e acusatório tudo era selvagem, aliás, como o confirmei, em 13 de Março de  1976, quando fui recebido pelo general Ramalho Eanes,e previ e escrevi no meu diário que o Alentejo ia ficar a ferro e fogo, e bastou essa lei de lesa- Pátria, essa declaração de guerra, desse outrem - António Barreto ,para que toda a maldade caísse sobre o Alentejo, e vocês caras e caros companheiros, conhecessem ou sentissem o massacre sobre vós e sobre muitos outros e a morte de alguns, do Caravela e do Casquinha com 17 anos de idade, idade de um jovem  judeu de Belmonte, também morto nos séculos da maldição da Inquisição  e  , para além, das mortes, as carnes de mulheres e homens foram agredidas à bastonada,mas porquê? Para corrigir erros que havia,disse-o em 1975, ou para fazer uma reforma agrária social, justa e  tecnicamente correcta?

 Não! Tudo foi feito para humilhar,maltratar,reduzir a pedintes,desempregados o povo alentejano, porque era rebelde e comunista.

 Mas para ver tamanha maldade e a  denunciar é preciso ser militante do Partido Comunista ou do  Bloco de esquerda? Não. Não é. É preciso,excluivamente,  ser humano, mulher ou homem humanos para recusar a pobreza, a miséria,o desemprego que são dimensões das politicas de natureza fascista, e basta ser português para denunciar que essa maldita lei e politicas que entregaram as terras ao abandono são contra todos os portugueses e um massacre inútil e inqualificável de 30% do solo Pátrio, e de 10% da sua população uma ignominia execrável, um crime horrendo que têm cometido impunemente, desde o 25 de Novembro de 1975, durante e após o exercicio de funções do chamado Conselho da Revolução,  extinto em 1982..

COMPANHEIRAS E COMPANHEIROS, CONCIDADÃOS

Esta história ainda não acabou.  É uma história heróica de um povo que não se dobra, cai, mas cai de pé, quando cai. Temos honra e orgulho nesta história, porque a dignidade e identidade humanas são nossas, os monstros robotizados são os que sacrificam os povos, as pessoas que deviam ser amadas.

Não nos venceram, não nos vencerão, mas os que fizemos esta história temos de a passar aos mais jovens, com alento, brio e amor de quem nunca se dá por vencido. Temos de passar o testemunho. À juventude compitirá, como sempre,  construir o Futuro. Estamos com os jovens, mas as acções têm de lhes  caber,e também temos  de lhes dizer  que muitos foram os jovens que fizeram o 25 de Abril- Nós, então.

Companheiras e companheiros de sempre.

 Vivemos horas cada vez mais difíceis,mas agora, como antes, o caminho não é outro :  O POVO QUE SE LEVANTA, ACORDA E LUTA nunca será vencido.

 Da minha parte, como desde o 25 de Abril,e como o disse, da varanda do Quartel General de Évora, (aqui ao lado do teatro, recordo os bons amigos que já partiram ) em Agosto de 1975, aos vossos pais e a alguns de vocês, o meu lugar em todas as batalhas é ao vosso lado na luta  pela Liberdade, a Dignidade, o Desenvolvimento e  o Direito, e para que assim aconteça será necessário realizar-de a REVOLUÇÂO (RE)NASCER PORTUGAL:

(RE)NASCER a DEMOCRACIA DO POVO, (RE)NASCER da MORALIDADE CIDADÂ E POLITICA que combata a corrupção,a venda a retalho da Pátria,o desemprego, a miséria, a escravidão e a perda da independência nacional .

Estaremos nestas lutas, sempre, até às BATALHAS FINAIS.

Um bem-haja a todos e a Abilio Fernandes que me defendeu em tribunal em 1976, e me colocou este novo desafio.

Abraço-vos com a solidariedade e o empenho de sempre

Andrade da Silva,à altura destas estórias capitão de Abril e do povo alentejano.

7 Fevereiro 2015

Fotos Da Reforma Agrária Couço Agosto1975

COUÇO
                                                         COUÇO
                                                                  COUÇO
                                                              COUÇO

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