segunda-feira, 14 de março de 2016

CAPITÃO DE ABRIL AMÍLCAR RODRIGUES


Nota: Oh vaidosos, impolutos e outros tais - Burguesas e burgueses, gentes de olhos vendados, ouvidos moucos , corações de pedra, almas satânicas - ESTE  TEXTO É UMA PÁGINA DA HISTÓRIA ACTUAL-  nossa, escrita sem esquizofrenia e imbecilidade idiota, espero, mas...
Esta noite sonhei com um nosso camarada, o  Capitão Amílcar Rodrigues, que  se suicidou há décadas. No  sonho ele regressou de uma situação de morte, que conhecia, vinha com as suas barbas, e com a sua voz característica que lhe valeu o cognome de paralelas. Abraçamo-nos, e saudei  o  seu egresso. 
 
  Este  camarada devia acompanhar-me no assalto ao gabinete do Comandante da Escola Práctica de Artilharia ( EPA), Vendas Novas, às 22h e 55´do dia 24 de Abril 74, mas falhou. Ele era comando - o operacional- e tive de, em cima da hora ,para não abortar a acção , substitui-lo por um  camarada -o  Sales Grade, o Homem mais pacifista do Mundo , porém,  nenhum estafermo, com todas as letras e superlativamente bandalho, termos exactos que convictamente pronuncio e pronunciarei atá cair morto -sem ódio, mas com toda a repugnância e nojo, que, impotentemente,  sinto por esta gente, ou seja,  o mesmo que um individuo decente sente pelos ratos nojentos dos esgotos, sejam ratos, ou políticos ou militares  do mesmo calibre - valorizou esta decisão que talvez tenha salvo o 25 de Abril 74.
 
Sem a tomada da Escola Prática de Artilharia, o 25 de Abril perdia uma unidade tão importante que com os seus canhões no Cristo Rei para além de intimidar poderia fazer muitos estragos em navios de guerra  do regime, como a Fragata Gago Coutinho, em que os camaradas Caldeira Santos e Moura, e, bem, resolveram a questão, heroicamente. Que a Mátria nunca os esqueça.
  
 Todavia, a minha saga com este meu camarada continuou .De facto pós 25 de Abril ele entrou em competição para me retirar da liderança do MFA em Vendas Novas, radicalizando e muito o seu discurso e o comportamento a nível militar com a ideia de que os Soldados é que tinham  sempre razão, assim como, os trabalhadores, o que, nunca advoguei em termos absolutos. Tentou mesmo minar a minha equipa levando dois furriéis  de seus nomes Sequeira e Nogueira, ao desespero que, chorando, me confessaram as  manobras explicitas daquele camarada, para terem para comigo comportamentos desleais.
 
 Mais tarde numa manobra vil Pezarat Correia, louvando os meus excelsos dotes, levou-me para o quartel general, supostamente para exercer as funções de Delegado do MFA em todo o Sul do  Alentejo. Corria o mês de Julho 75,e Pezarat queria  que traísse, como ele, os compromissos da aliança POVO-MFA, com os trabalhadores. Depois desta data tudo em Vendas Novas correu de um outro modo, fizeram-se todas as ocupações, algumas contra o que o MFA advogava quer em Montemor, quer no Couço, aqui, sob a liderança do Delegado Sindical Canejo, em Agosto 75.
 
Todavia o nome que os latifundiários conheciam era o meu e por estas ocupações fui responsabilizado e nem Otelo, nem este meu camarada assumiram no meu  processo perante o Conselho Superior de Disciplina do Exército as suas responsabilidades, e. muito pior, Pezarat Correia  foi para lá declarar que eu era incomandável, facto contrariado, no mesmo processo, por Carlos Fabião que declarou que não havia subordinados incomandáveis, havia, sim, era fracos comandantes, opinião que perfilho, com base numa experiência de 41 anos de vida militar efectiva. 
 
   Contudo esta evocação do Amílcar levou-me à sua foto de Agosto 75 no Couço  para dizer aos criminosos do regime fascista: 
 
  -  vede, olhai para esta foto, olhai bem e reparai como uma rapariga tão linda está descalça com pés encardidos, de "pata rapada" como se dizia na madeira - GRANDES RATOS NOJENTOS!   

 Ao olhar esta foto, esta tão linda rapariga, sinto a mesma dor  -tipo stresse pós traumático, por esta violência, mas também,  o mesmo amor e proximidade que tínhamos com elas e  eles, que cães raivosos tentam destroçar, na defesa dos seus egos mal sãos- e aqui,  o Amílcar  foi exemplar, até mais exemplar quiçá, porque para ele tudo estaria certo e correcto, mas histórica, e, mesmo, humanamente parece-me não ser verdade.
 
     Compreendo os sentimentos populares, das vítimas, mas cabe a terceiros colocar algum nível de civilidade nas respostas aos crimes. Sei quanto é difícil, mas não deverá ser nunca de outro  modo, até ao limite máximo que a moralidade exige.
 
andrade da silva
 
soldado da Mátria e de Abril, à hora certa 22h55’ do dia 24 de Abril 74, à voz de comando da senha: “E DEPOIS DO ADEUS”

1 comentário:

Unknown disse...

Obrigada pela partilha. FUi e acho k ainda sou grande amiga do Amilcar. TUdo de bom!