quarta-feira, 30 de novembro de 2016

07 - REGISTO * Discorrendo: Assumpto!


Desde que nos entendemos responsavelmente como gente que compreendemos que só quando nos damos é que a vida faz sentido. Quando nos damos à pessoa amada; quando nos damos ao 
possível projecto de vida; quando nos damos à(s) causa(s) que elegemos.

Nem sempre o darmo-nos corresponde às expectativas que criámos e ficamos decepcionados quando assim sucede.

Um desgosto de amor é um capítulo do «livro da vida» que escrevemos; outro amor que venha não substitui o que perdemos, outro amor é isso mesmo: é outro amor.

Um projecto de vida nem sempre está ao nosso alcance e dele fica a frustração a magoar-nos, mas vamos em frente, porque a vida não pára e porque a subsistência tem exigências inadiáveis.

A(s) causa(s) eleita(s) quase sempre nos exige(m) a integração em colectivo(s). E daí decorre a relação com o outro: às vezes gratificante e frutuosa; outras vezes difícil até ao limite da maleabilidade; outras vezes ainda difícil até à inevitável ruptura.

Temos notícia de histórias de vidas gratificantes; de histórias de vidas que cederam na maleabilidade até extremos quase insuportáveis; e de histórias de vidas que preferiram a ruptura quando os princípios ou os valores ou a dignidade determinaram dizer não.

Não vamos arriscar julgamentos de maleabilidade construtiva ou de rupturas. Recusamos a presunção de nos assumir como o outro. 

Ninguém pode ser o outro, assim pensamos, assim procuramos agir.

Sofremos decepções em projectos de vida e em causas que elegemos. Umas mais dolorosas, outras menos. Há quem sustente que estas decepções são ensinamentos. É matéria complexa, por isso mesmo umas vezes será pacífico aceitar que sejam ensinamentos e outras vezes será preferível considerá-las de outros modos, assim no plural.

A nossa consciência é a nossa bússola. Se bem escolhemos o(s) caminho(s), ela nos gratificará; se mal o(s) escolhemos, ela nos punirá. ~

A nossa conduta, as nossas opções, as nossas decisões serão sempre nossas e sempre da nossa exclusiva responsabilidade.

Ninguém poderá viver por nós a nossa vida; não poderemos jamais viver a vida do outro.

*
José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 30 de Novembro de 2016.

1 comentário:

andrade da silva disse...

Caro Carvalho numa sociedade de indivíduos talvez se pudesse passar assim os complexos complexos comportamentos humanos referidos, todavia fora da esfera privadíssima, na esfera do social, não sei se desde sempre, mas sei que pressinto ou sinto há décadas que vivemos num amálgama de colectivos, de massas formatadas de um ou outro modo, para a conquista dos poderes, e o resto, tudo o resto, mesmos os sujeitos humanos são reduzidos a pó, e o pó ou está quieto, ou as rabanadas de vento levam-no para nenhures.

Haverá o HOMEM. HAVERÁ a HUMANIDADE?
abraço
asilva