sexta-feira, 3 de novembro de 2017

01 - LIBERDADE E CIDADANIA * Todos somos hispanos



Os nacionalismos em Espanha são uma questão mal resolvida desde o princípio. Um após outro, os nacionalismos foram mal absorvidos pelo Reino de Leão, depois pelo Reino de Castela e Leão e finalmente pela união do Reino de Castela e Leão com o Reino de Aragão. Desta união resultou a Espanha que conhecemos hoje, união 
ocorrida na segunda metade do século XV.

O centralismo de Madrid foi e continua sendo uma tentativa desesperada de lutar contra a identidade dos povos que integram o todo da Espanha.

A nossa Poetisa Natália Correia recordou certa vez a realidade da Península Ibérica: “Todos somos hispanos”. Ou iberos, digo eu. Mas todos sermos hispanos ou iberos é diferente de sermos todos espanhóis ou de todos reverenciarmos a identidade leonesa-castelhana.

A Catalunha integrava o antigo reino de Aragão.

A legitimidade reconhecida hoje a todos os povos de escolherem o seu destino colide frontalmente com a rigidez arcaica do Poder Espanhol. Um povo não está contra outro povo quando reclama o legitimo direito de escolher o seu destino sem tutelas.

Madrid está numa encruzilhada: ou aceita os legítimos anseios dos outros nacionalismos hispanos ou esmaga aquela legitimidade. E aqui chegados, a questão é outra: o confronto entre a força da razão e a razão da força.

A Espanha poderá ser uma Federação de Estados Independentes, voluntaria e fraternalmente juntos numa caminhada comum.

Eu assumo a minha identidade de português e de hispano sem contradições nem complexos.

Cordialmente,

José-Augusto de Carvalho.
Alentejo, 3 de Novembro de 2017.

2 comentários:

andrade da silva disse...

A solução democrática, humano,social e civilizacional só pode ser POLITICA e,neste, sentido o Governo,o PR, de Portugal ou alguns partidos portugueses em nome de muitos portugueses ou de todos não DEVIAM ter apoiada a posição de Força de natureza franquista de Madrid. É uma vergonha miserável a indiferença da sociedade portuguesa e dos políticos portugueses, perante este tão grave CRIME DE MADRID, vergonhosamente apoiado pelo PSOE, e pelo PODEMOS,que gentinha? Um Vómito. Aquele abraço Andrade da silva.

José-Augusto de Carvalho disse...

Até posso entender a posição oficial de Portugal, Presidência da República e Governo. As relações internacionais exigem um grande "jogo de cintura".
Os partidos políticos de ideologia burguesa demonstraram há muito de que lado da barricada estão. Aquando da agressão nazi-fascista ao Governo Popular de Espanha, governo democraticamente eleito, acrescente-se, todos se abstiveram de intervir, escondendo-se numa cúmplice neutralidade. E a terra da nossa amada Ibéria ficou empapada de sangue.
A União Europeia do Capital igualmente pensa no seu conforto e nos seus milhões obtidos à custa de suor e sofrimento dos povos.
E a tão celebrada ONU? Pois, a tal ONU da Declaração dos Direitos Universais do Homem! Por que está calada? Por que nem tem a coragem de respeitar e fazer respeitar a sua Declaração?
Sim, vi ontem à noite a nota de Imprensa do PCP sobre a questão da Catalunha. Ficará àquem das expectativas do meu querido Amigo, mas ficará muito além dos demais, e isto eu tenho de valorar.
Abraço fraterno.