quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

PENSAMENTOS: PLATÃO, ARISTÓTELES, MAQUIAVEL II



     PLATÃO E ARISTÓTELES 



(ParteI:https://liberdadeecidadania.blogspot.pt/2017/12/pensamentos-platao-aristoteles-e.html  


O FRACASSO DO GÉNIO POLITICO ROMANO 

Como pode ser explicado esse quase fracasso do génio político dos romanos no melhor período de sua história?

Os romanos estavam então colhendo a tempestade que fora semeada nas lutas civis dos fins da república. Tinham-se acostumado à solução pela violência dos problemas difíceis. Além disso, as longas guerras de conquista e o esmagamento das revoltas dos bárbaros rebaixaram o valor da vida humana aos olhos do próprio povo e favoreceram o alastramento do crime. Em consequência disso, era praticamente inevitável que homens de carácter corrompido conseguissem guindar-se aos mais altos cargos políticos.

“O homem que não conhece o verdadeiro vive na angústia e sobre a terra está como nos infernos
Se os homens, assim como sentem o peso que os cansa, ao menos pudessem de tanto mal descobrir a causa teriam quem sabe vida melhor. E assim os vemos incertos, sem saber o que querem: vemo-los procurar inquietos outros lugares, um lugar diferente do costumeiro onde possam depor aquele peso: este, enjoado de seus aposentos, sai de seu rico palácio e para aí retorna: viu que fora não há nada melhor; este outro impele os cavalos para a casa campestre, acoita-os apressado como para apagar dos tectos as chamas, e já à porta boceja: pega no sono e o pesado afã interrompe, ou volta para a cidade e as costumeiras estradas revê. Cada um desejaria separar-se de si e fugir para longe, mas não consegue; ao contrário, sempre mais a si mesmo constrangido se apega e ao mesmo tempo se odeia: doente, não sabe como o mal acontece-lhe, não vê a causa do mal.” Lucrécio, A natureza das coisas.

Nicolau Maquiavel é uma grande figura italiana não só pelas suas obras, fundamentais mesmo hoje, mas por toda a sua vida. Maquiavel não cria nada de novo na política. Como ele próprio diz, limita-se unicamente à “verdade efectiva das coisas”, ao que a observação da realidade que o rodeia e a história dos grandes homens lhe ensinou.

O único valor teórico de Maquiavel é o seu realismo político, o escândalo que suscitam os seus juízos sobre a natureza humana. É o homem que afirmou taxativamente a incompatibilidade entre política e moral.

Existem teorias, argumentações e disputas filosóficas pelo facto de existirem problemas filosóficos. Assim como na pesquisa científica, ideias e teorias científicas são as respostas a problemas científicos, da mesma forma, analogamente, na pesquisa filosófica as teorias filosóficas são tentativas de solução dos problemas filosóficos.

Os problemas filosóficos existem, são inevitáveis e irreprimíveis e envolvem todo o homem que não renuncie a pensar. A maioria desses problemas não deixa o homem racional em paz, mas sobretudo, à maior questão de todas: O que é a verdade?

Alguns dos problemas filosóficos de fundo, que dizem respeito às escolhas e ao destino de todo o homem e com as quais se aventuraram as mentes mais elevadas da humanidade, deixando-nos como herança um verdadeiro património de ideias, que constitui a identidade e o legado de toda a humanidade.

“Vale mais ser amado ou temido? O ideal é ser as duas coisas, mas como é difícil reunir as duas coisas, é muito mais seguro - quando uma delas tiver que faltar - ser temido do que amado(...). Os homens têm menos escrúpulos em ofender quem se faz amar do que quem se faz temer, pois o amor é mantido por vínculos de gratidão que se rompem quando deixam de ser necessários, já que os homens são egoístas; mas o temor é mantido pelo medo do castigo, que nunca falha.” Nicolau Maquiavel.

Para Maquiavel uma coisa era clara: pessoas boas não vão longe e os maldosos tendem ganhar, e isto ocorre pelo triste fato de que tais seres não são limitados por amarras morais que os bons carregam, estão dispostos a usar de todos artifícios, por mais sombrios e tóxicos, para alcançar os seus objectivos.

Nicolau se destacou por reflectir a respeito dos possíveis choques que essa participação poderia causar, diferentemente dos humanistas cívicos que haviam elaborado suas teses até então. São ideias novas como esta que fazem Maquiavel destacar-se como político revolucionário.
Podemos resumir a ideia da obra Discursos Sobre a Primeira Década de Tito Lívio destacando que Maquiavel se compara aos grandes navegadores, afirmando estar consciente dos riscos que estaria correndo ao percorrer novos caminhos na esfera do pensamento político.

No mundo actual vivemos necessariamente numa sociedade de mudanças contínuas e perpétuas, mudanças que nunca podem ser mapeadas previamente com precisão. As pessoas tentam prever as mudanças e adiantar-se a elas da melhor maneira que podem, mas essas previsões nunca podem ser reduzidas a uma ciência exacta. O negócio dos empreendedores é prever mudanças no mercado, tanto para as condições de procura quanto de oferta. Aqueles que têm mais sucesso lucram na proporção da precisão de seu juízo, enquanto os que fracassam em suas previsões caem pelo caminho. O resultado é que os empreendedores de sucesso no mercado livre serão aqueles com mais capacidade de se antecipar às futuras condições económicas.

Contudo, a previsão nunca pode ser perfeita, e os empreendedores continuarão a diferir quanto ao sucesso de suas previsões. Se não fosse assim, jamais haveria qualquer lucro ou perda nos negócios. Portanto, há mudanças continuamente em todas as esferas da economia. As preferências dos consumidores mudam; as preferências temporais e as consequentes proporções de investimento e de consumo mudam; a força de trabalho muda em termos de quantidade, qualidade e lugar; alguns recursos naturais são descobertos, enquanto outros chegam ao fim; as mudanças tecnológicas alteram as possibilidades de produção; as alterações no clima influenciam as colheitas e por aí fora. Todas essas mudanças são traços característicos de qualquer sistema económico. Na verdade, não conseguiríamos conceber verdadeiramente uma sociedade sem mudanças, em que todos fizessem todo dia a mesma coisa, e nenhum dado económico jamais mudasse. E, mesmo que pudéssemos conceber uma sociedade assim, pode-se duvidar de que muita gente fosse querer torná-la realidade.
“Os homens não esperam o advento da ciência social para formar ideias sobre o direito, a moral, a família, o Estado, a própria sociedade, pois não podiam privar-se delas para viver.” Émile Durkheim, As Regras do Método Sociológico, pp18.

Para Keynes, “a economia é essencialmente uma ciência moral e não uma ciência natural, pois lida com introspecção e com valores”, Keynes, The general Theory and after, part II, Defence and Development, Vol. XIV, pp- 296-297.

Num ensaio sobre Marshall, o economista inglês afirmou que o “mestre economista deve possuir uma rara combinação de atributos… deve ser matemático, historiador, estadista, filósofo, até certo ponto”. Keynes, Essays in Biography, Vol. X, pp- 173-174.

Importante referir, que seja qual for a escola, modelo ou função matemática, qualquer modelo económico proposto estará fadado ao fracasso, pois se a ambição individual humana for sempre mais forte do que a ambição colectiva. Deste modo, para se encontrar um modelo de equilíbrio, será sempre necessário o intervencionismo e proteccionismo do Estado, por forma a garantir a legalidade do Estado de Direito, por um lado, e os Direitos, Liberdades e Garantias dos cidadãos, por outro. Só assim, é possível conter este desequilíbrio de forças de um sistema económico empírico e volátil. Por outras palavras, tornar a vida do dia a dia dos cidadãos segura e previsível em preterimento dos lucros desmesurados dos capitalistas. 

Segundo o juiz Sérgio Moro, a corrupção pode adquirir um aspecto mais grave e quando se torna habitual, quando se torna uma regra de comportamento, é denominada “corrupção sistémica”. Sérgio Moro disse que a corrupção sistémica afecta a economia de qualquer país, porque acaba afugentando os investidores externos e internos.“Mas, não só isso, muitas vezes este sistema de corrupção impede que agentes envolvidos na economia de um determinado país tomem as melhores decisões do ponto de vista económico para aquele país”.

A corrupção sistémica é prejudicial especialmente no aspecto da democracia. “A democracia é fundada na confiança entre governantes e governados. Mas, em contexto de corrupção sistémica, esta confiança é extremamente abalada”.

“É urgente, prioritário enfrentar a corrupção em todas as suas formas, mas especialmente esta dita corrupção sistémica”, com o envolvimento do judiciário, da sociedade civil, do sector privado e dos políticos não envolvidos na corrupção. “Isso tudo é necessário para combater a corrupção sistémica, para que passe a ser apenas um comportamento desviante e não uma regra de comportamento”, Sérgio Moro, Fonte: Agência Lusa.

“A singularidade é um ponto de gravidade no infinito, onde o espaço e o tempo tornam-se sem sentido. A singularidade é basicamente uma palavra para dizer “eu não sei”.” Prof. Michie Kaku, Físico Teórico, 2010.

“É um pouco perturbador pensar que há objectos lá fora, que quebram as leis da física. Deve haver leis maiores, que estão a ser utilizadas e obedecidas que acabamos por não compreender ainda.” Dr. Phil Plait, Astrónomo, 2010.

Remontando à mitologia grega, conta uma lenda que a Esfinge, enviada por Hades, invadiu Tebas destruindo os campos e afugentando os moradores.

A criatura propôs a retirar-se do local se alguém conseguisse decifrar o seu enigma, porém aquele que não decifrasse seria devorado. “Decifra-me ou devoro-te!”

O seu enigma era: “Que animal caminha com quatro pés pela manhã, dois ao meio dia e três à tarde e é mais fraco quando tem mais pernas?”

Édipo solucionou o mistério, respondendo: “O homem, pois ele gatinha quando pequeno, anda com as duas pernas quando é adulto e usa bengala na velhice”.

Ao ver o seu enigma solucionado a Esfinge suicidou-se, lançando-se num abismo.

“Concordo com o diagnostico, adivinho o prognostico linear que resulta do mesmo, mas assim estamos sem futuro e Maquiavel teria razão absoluta, mas acredito na possibilidade de futuro, mesmo que mínima, portanto que fazer para superar esta morbidade. deixo-te o desafio para um texto de resposta a esta questão. Se é isto é assim que fazer então o que fazer? Logo pedia-te este exercício.”, Andrade da Silva

O homem sempre gozou de livre arbítrio. Tem a consciência entre o bem e o mal, o bom e o mau. Pode fazer boas escolhas ou má escolhas. Delas fará a sementeira e a posterior colheita. Como disse o meu caro amigo, Andrade da Silva, “o país precisa de seus heróis”. E o país e o mundo terá sempre os seus heróis, pois sempre que o livre pensamento existir, e a luta pelo bem e pela verdade for proclamada, a humanidade terá esperança. Mas quanto mais o homem desvenda o universo, e mais conhece que impera o caos e não a ordem, descobrimos que o nosso lugar no universo, o planeta que é a nossa casa, encontra-se não numa regra, mas sim numa excepção, onde impera a ordem. Cabe a cada um de nós fazermos as melhores escolhas e decisões, não só a nível individual, mas também colectivo. 

Assim como a esfinge foi sempre um símbolo de um enigma, assim o resultado do exercício também é um enigma. A resposta dependerá sempre da decisão da humanidade.

Assim como a Esfinge fala para a humanidade o famoso enigma: "Quem começou o dia em quatro pernas, continua sobre duas pernas e termina em três pernas?"

A resposta: “O homem e o seu destino.”

Talvez a melhor resposta para este exercício, salvo melhor opinião, será:

O Homem terá sempre possibilidade de futuro, mesmo que mínima, enquanto sonhar, acreditar que é possível ter futuro e evoluir na rectidão e no bem.

Assim a resposta que dou é simples: O futuro será sempre o homem e o seu destino!

José António Bragança

PS:
As melhoras para o nosso poeta e amigo José de Carvalho: 

https://liberdadeecidadania.blogspot.pt/2017/12/05-poemario-rimance-do-imenso-mar.html


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