sexta-feira, 25 de julho de 2008

TANTA E TÃO PORTUGUESA MALDADE


Fico com a alma e o coração despedaçados com tanta maldade junta, contra os nossos queridos professores e outras distintas pessoas.

O mundo é muito ingrato, para eles, para os pais idosos, para os animais domésticos que neste período são abandonados, e calculem que também para aqueles simpáticos rapazes que fizeram o 25 de Abril.

Calculem que se não tivessem feito o 25 de Abril eram uns cobardes da mer.. que andavam a matar os filhos do povo, e a alimentarem uma guerra que ninguém queria, fizeram o “DIA INTEIRO” são uns filhos da pu..,de uns traidores que deram as africas aos africanos e Portugal aos corruptos.

Como vêm, PORTUGAL, é esta nossa querida e ditosa Pátria Amada. Tudo isto é transcendente, por isto, somos os preferidos de Zeus, por cunha de Vénus.

Adoro ser português, porque sou madeirense, árabe, chinês, cigano, negro etc. Somos bem mais que a divindade católica que é uma, una, em três. Nós, os “portugas”, somos tudo o que outrem quiser, num só.

Nós somos o tudo que existe, existiu e existirá. Nós somos a DIVINDADE SEM PRINCÍPIO, NEM FIM. SOMOS NÃO SÓ PORTUGUESES, SOMOS MESMO PORTUGAL, O MUNDO, O COSMOS, o tal quinto IMPÉRIO EXPANDIDO.

Um muito obrigado aos meus professores que, de um modo geral, sempre tiveram por mim consideração, e muitas vezes me confiaram o papel de liderar os putos nas suas ausências, a mesma distinção me davam os padres e as mães das meninas das colónias de férias, neste caso, devia ser, porque me julgavam um choninhas do caneco, mas eu desejava as meninas, mas confesso que sempre fui muito comedido.

Queria, ou deveria ter sido desregrado, excessivo, e acabei por ser militar, lá, não muito ortodoxo, diga-se, mas sempre militar que nunca foi condecorado, coisa raríssima na tropa, mas também não fui fuzilado... Enfim, como o mundo e a vida são tão interessantes!... Mas um muito obrigado aos meus e nossos professores.

Admirei alguns professores, adorei algumas professoras, sonhei com elas, mas elas fugiram. Uma julgou-me, ou não, da onda do Agostinho da Silva, mas pelo sim, ou pelo não, viajou para outro porto. Não lhe cabo a escolha ao nível do macho, mas, ao nível da loucura escolheu, a vertigem. Não sei se já está noutra, mas gostei muito dela, tinha o seu ar de Cleópatra. Uma deusa.

Enfim ... Estou a envelhecer, já tinha descoberto pelo meu último corte de cabelo, os brancos apareceram em força, deve ser por causa de tanta coisa, mas também por África.

Adorava a baía de Luanda e os ananases. Adoro fruta como ninguém; até na guerra comi fruta, como ninguém; até na guerra, em pleno mato, me desfiz em mer.., por causa de tanta fruta; até na guerra corri o risco de ser apanhado de calças na mão, por causa de tanta fruta.

Se mais nada houvesse, nunca entregaria Angola a ninguém, mas ainda havia, lá, pelo Negage, uma donzela branquinha merecia conquista, mas o tempo não o permitiu. Ela não me amava, achava que era o gajo mais vaidoso e irritante do burgo, e que gostava muito de fruta. Se tivesse tido tempo a menina ia finalmente descobrir que afinal sou mas, é,…. Pois, pois sou assim a modos que… , mas sobretudo serei um tipo suportável qb, com a mania que às vezes tem graça.

Se não acharem piada a este meu rir de mim próprio, olhai para o vosso conta-quilómetros, porque ou já está perto de dar a volta, ou então, estou mesmo a abusar da vossa paciência, e, isso, não quero. Ponto.

Bom fim-de-semana

Andrade da Silva
24 de Julho de 2008

2 comentários:

Jerónimo Sardinha disse...

Bom fim de semana ao Andrade da Silva, que bem o merece.
Já está a viver da saudade, o que prenúncia a aproximação do caquetismo. Quanto sátira, dorme descansado. Essa continua intacta. Aliás parece refinada, com o passar dos anos. Tal como o vinho da Madeira (terra de D. Alberto João ... e não só).
Quanto aos rapazes de Abril ! Ai ! Os rapazes de ABRIL. Envelheceram à espera de um fruto que a terra negou. Também nós esperámos, muito, por esse fruto. Perdeu-se a semente. A dias poucos do plantio. Restou-nos o respeito, a mágoa, a saudade de algumas horas (já longincuas),a amizade e a certeza de que apesar de tudo VALEU A PENA.
Como te disse, um bom fim de semana. Tanta canseira merece-o
Grande abraço.
Jerónimo Sardinha.

Marília Gonçalves disse...

Companheiros

dizia Gandhi : On reconnait le degré de civilisation d'un peuple à la manière dont il traite ses animaux.
Gandhi
tradução:
reconhece-se o grau de civilização dum povo pela maneira como trata os seus animais.

Gandhi

a história verdadeira de um dos meus cães

o SAUVAGE (o selvagem?) Nós em Portugal? hoje, com os animais? não sei! mas sei que há cerca de trinta e cinco anos, tivemos na família um pastor alemão, veio para nossa casa tinha um mês. Adoptou-me e habitou-se a seguir-me por onde fosse. O cão cresceu com os meus filhos, tive quatro,e guardava-os até na praia onde ia tomar banho com eles fazendo círculos a nadar, sem nunca os deixar sozinhos! Num fim de dia,estava eu já preparada para o jantar, com uma saia, comprida, meio cigana, e de repente na Ria Formosa em Faro,na ilha, uma criança sobre um colchão de praia estava a ser levada na força da vazante. Eu vestida nada podia fazer que fosse suficientemente rápido, nisto vi a mancha negra de meu cão ao pé de mim, e gritei: vai buscar o menino! o cão em voo lançou-se à água, talvez que o menino para ele fosse um dos meus filhos, o certo é que vigorosamente nadou ao largo, onde o miúdo aflito, mais aflito parecia com a aproximação de tal monstro! eu de terra gritei: agarra-te ao cão!! o garoto abraçou-se ao cão e o Sauvage, era assim o nome desse animal generoso, trouxe o garoto para terra, e quando chegou, na areia as mulheres que assistiram à cena choravam todas! o cão não se aguentava nas patas que se dobravam debaixo dele. o garoto? esse foi-se, sem uma olhar ao cão, talvez ainda demasiado assustado com o que tinha vivido. Durante o verão na ilha nunca o Sauvage esteve tão gordo, pois onde quer que passasse, todos lhe queriam dar de comer. O tempo foi decorrendo, os anos seguiram e o cão foi envelhecendo... pois sabem com acabou esse animal? envenenado!!! na casa de campo onde estava, ele, a cadela da casa, que estava com ele e uma bezerra. Os três vítimas do mesmo veneno. Desconheço por ser em casa de amigos, qual era a história da cadela que morreu! Mas temos que reconhecer que para um cão quase humano, que foi a nado salvar uma criança, merecia morte mais digna e com menos sofrimento que aquela que causa o veneno! nada mais! que cada um pense o que há a fazer no nosso país para que os animais tenham o lugar que merecem? não será que tudo isso tem a ver com certas carências da população? não será que com mais escolaridade, com menos raivas provocadas pelas faltas, tudo isso seria atenuado? deixo a pergunta a quem tiver sabedoria para responder eu limito-me a narrar um facto. Era o meu cão! há cerca de vinte anos hoje, que morreu e em casa ainda ninguém o esqueceu Viva Portugal! sem ironia! é o que penso! pois no dia em que tivermos governantes que nos governem o país e em que o povo não sofra mais, isto tudo estará solucionado, no de repente, mas a caminho disso!


Marília Gonçalves

O sofrimento torna o homem mau
e insensivel ao que tem ao pé
sem sentimento o coração em pedra transforma em gelo o que fogo é!
Marília



o Sonho do cão cativo

Que sonha o cão na manhã de maio
que sonha triste de alegre viver
que sonha o cão quando a companhia
da voz amiga já nao torna ser.

Que sonha o cão quando atrás de grades
contempla o céu ainda tão azul
que sonha o cão se desenha os ares
a ave loira dos campos do sul

Que sonha o cão quando a água clara
sabe à prisão que não deixa mais
que sonha o cão se a manhã aclara
ou quando à noite se acende o trovão

Que sonha o cão quando ouve 'inda festas
na melodia do sonhar perdido
que sonha o cão se pelas florestas
vagueia o lobo livre perseguido

que sonha o cão quando a mão que afaga
o larga vil, num pobre caminho
que sonha o cão a correr a estrada
cheirando o ar do velho carinho

Que sonha o cão quando as aves cantam
a solidão do jardim florido
que sonha o cão se os olhos se espantam
a relembrar o tempo perdido

Que sonha o cão quando a voz que soa
traz à lembrança o seu velho afago
ah como a vida era meiga e boa
quando brincava nas margens dum lago

Que sonha o cão quando o mar exalta
as mil viagens que não mais fará
que sonha o cão quando o medo assalta
pela família que não mais verá

Que sonha o cão quando a hora chega
de repetir o sabor do pão
que sonha ao cão que desassossega
o seu olhar ao ver uma mão

Que sonha o cão quando tristemente
os dias caem sobre sua voz
olhando o longe onde antigamente
era cachorro chamando por nós

Que sonha o cão quando só pressente
a solidão para além do dia
que sonha o cão, com o dono ausente
aquele dono por quem morreria!

Marília Gonçalves