Durante algum tempo, um grupo de amigos, reunidos na sala de jantar da casa do Alentejo, amigavelmente, almoçando, para celebrarem a amizade nesta quadra festiva, falaram de mudança ou da imutabilidade das coisas.
Seria interessante dizer que entre os participantes havia uma diferença de idades com algum significado, e ainda com um interesse sociológico e psicológico relevante está o facto que os mais velhos, por vezes mais sofridos e com motivos de maior descrença, parece que são os que acreditam que as mudanças se não se operam aos segundos, e aos dias, pelo menos, mudam a períodos bem mais curtos do que os séculos e os milénios.
Parece que os mais jovens, no que são apoiados por autores de referência julgam que não há REVOLUÇÕES, há meros sobressaltos sociais, algumas roturas políticas, económicas e civilizacionais de maior ou menor intensidade, por períodos mais ou menos longos, mas que tudo num espaço de tempo, não muito dilatado, retoma a linha de vivência social e politica que o sobressalto retirou do carril do poder. Este propriedade exclusiva dos poderosos, isto é, a minoria de poderosos nunca é definitivamente desapossada, salvo no caso das revoluções, como a Francesa, em que liquidaram parte significativa da nobreza.
Se de um ponto de vista Universal se poderia dizer que segundo, esta abordagem histórica, teria havido a revolução Francesa , a Russa, e da implantação da República em Portugal, não se poderá, no entanto, afirmar que qualquer daquelas revoluções tenha operado uma mudança significativa nas relações e na lógica do poder, isto é, os que exercem o poder são sempre uma minoria consistente que se perpetua nos governos ou nas lideranças, para ter acesso às benesses e para, do mesmo modo que as elites que destronaram, se apossarem da riqueza da maioria que são quem a produz.
Este ciclo infernal parece que mesmo com revoluções e contra-revoluções se propagaria por todos os tempos, ou dito de outro modo, nos vários ciclos da história só mudaram as personagens e nunca a politica no que esta poderia ter de mais válido, ser um exercício de melhoria das condições de vida nos vários campos ao serviço dos Povos.
Assim, dizem os que têm esta visão da história que as mudanças são meras e rápidas soluções de continuidade no exercício essencial do poder que se mantém com o mesma DNA que Weber radiografou, ou seja, o Poder é a capacidade que um individuo ou um grupo têm de impor a sua vontade a outrem ou outros, mesmo que este ou estes discordem, podendo acrescentar-se que, nos tempos de hoje, este exercício é feito quase sem limites, éticos e jurídicos no sentido de espoliar a maioria para o enriquecimento da minoria dos detentores dos capitais que gerem os mundos.
Naturalmente que esta visão se comungada pela maioria e levada até ao seu limite nega toda possibilidade de mudança, o que, diga-se, ao nível da unidade de tempo século, ou milénio seria absolutamente desmentida. Mas não será este exercício que farei, vou-me referir mais aos nossos quotidianos.
Obviamente que neste grupo de amigos, todos percebem que no caso português de governos do arco do rotativismo que há diferenças entre estar no poder um PS Guterrista, ou um PS Sócrates ou um qualquer PSD, é indiscutível. Todavia o que se quer dizer, quando se diz que nada muda, é que quanto à natureza essencial das relações do poder com os cidadãos, quem detém mais posses determina o nosso futuro colectivo e os nossos quotidianos.
Ninguém perceberá o hoje de uma forma muito diferente desta visão quanto à realidade que nos circunda, a diferença que haverá ente uns e outros, é que quando muitos deixam cair os braços e aceitam esta inevitabilidade, outros há, poucos, que lutam contra ela, não a conseguindo derrotar, mas pelo menos atenuando-lhe os efeitos, o que pode fazer toda a diferença, porque como diz o povo , “enquanto o pau vai e vem, folgam as costas”.
Humildemente até que se consiga alterar esta lógica totalitária e desumanizada do exercício do poder, resta aos que pretendem mais Sol, Liberdade e Justiça Social para todos irem fazendo o que podem, para que as costas folguem, e se crie no Mundo, ao nível cósmico, uma nova visão da Governança, e também para que tudo isto não precise de milénios para acontecer, mas se for esse o caminho, interessa não desistirmos….
Esperemos que um futuro mais justo não precise da Eternidade.
andrade da silva 22 Dez. 08
PS: Estava, pelas 13h, a colocar este post, quando fui surpreendido por um pedido de ajuda de quem conhecemos, fiquei sem respiração e sem capacidade de editar este texto, faço-o, agora, mas o problema mantém-se, nem sequer consigo avaliá-lo, e, muito menos, contribuir, de um modo satisfatório, para a sua solução, porque vivo financeiramente limitadíssimo.
Seria interessante dizer que entre os participantes havia uma diferença de idades com algum significado, e ainda com um interesse sociológico e psicológico relevante está o facto que os mais velhos, por vezes mais sofridos e com motivos de maior descrença, parece que são os que acreditam que as mudanças se não se operam aos segundos, e aos dias, pelo menos, mudam a períodos bem mais curtos do que os séculos e os milénios.
Parece que os mais jovens, no que são apoiados por autores de referência julgam que não há REVOLUÇÕES, há meros sobressaltos sociais, algumas roturas políticas, económicas e civilizacionais de maior ou menor intensidade, por períodos mais ou menos longos, mas que tudo num espaço de tempo, não muito dilatado, retoma a linha de vivência social e politica que o sobressalto retirou do carril do poder. Este propriedade exclusiva dos poderosos, isto é, a minoria de poderosos nunca é definitivamente desapossada, salvo no caso das revoluções, como a Francesa, em que liquidaram parte significativa da nobreza.
Se de um ponto de vista Universal se poderia dizer que segundo, esta abordagem histórica, teria havido a revolução Francesa , a Russa, e da implantação da República em Portugal, não se poderá, no entanto, afirmar que qualquer daquelas revoluções tenha operado uma mudança significativa nas relações e na lógica do poder, isto é, os que exercem o poder são sempre uma minoria consistente que se perpetua nos governos ou nas lideranças, para ter acesso às benesses e para, do mesmo modo que as elites que destronaram, se apossarem da riqueza da maioria que são quem a produz.
Este ciclo infernal parece que mesmo com revoluções e contra-revoluções se propagaria por todos os tempos, ou dito de outro modo, nos vários ciclos da história só mudaram as personagens e nunca a politica no que esta poderia ter de mais válido, ser um exercício de melhoria das condições de vida nos vários campos ao serviço dos Povos.
Assim, dizem os que têm esta visão da história que as mudanças são meras e rápidas soluções de continuidade no exercício essencial do poder que se mantém com o mesma DNA que Weber radiografou, ou seja, o Poder é a capacidade que um individuo ou um grupo têm de impor a sua vontade a outrem ou outros, mesmo que este ou estes discordem, podendo acrescentar-se que, nos tempos de hoje, este exercício é feito quase sem limites, éticos e jurídicos no sentido de espoliar a maioria para o enriquecimento da minoria dos detentores dos capitais que gerem os mundos.
Naturalmente que esta visão se comungada pela maioria e levada até ao seu limite nega toda possibilidade de mudança, o que, diga-se, ao nível da unidade de tempo século, ou milénio seria absolutamente desmentida. Mas não será este exercício que farei, vou-me referir mais aos nossos quotidianos.
Obviamente que neste grupo de amigos, todos percebem que no caso português de governos do arco do rotativismo que há diferenças entre estar no poder um PS Guterrista, ou um PS Sócrates ou um qualquer PSD, é indiscutível. Todavia o que se quer dizer, quando se diz que nada muda, é que quanto à natureza essencial das relações do poder com os cidadãos, quem detém mais posses determina o nosso futuro colectivo e os nossos quotidianos.
Ninguém perceberá o hoje de uma forma muito diferente desta visão quanto à realidade que nos circunda, a diferença que haverá ente uns e outros, é que quando muitos deixam cair os braços e aceitam esta inevitabilidade, outros há, poucos, que lutam contra ela, não a conseguindo derrotar, mas pelo menos atenuando-lhe os efeitos, o que pode fazer toda a diferença, porque como diz o povo , “enquanto o pau vai e vem, folgam as costas”.
Humildemente até que se consiga alterar esta lógica totalitária e desumanizada do exercício do poder, resta aos que pretendem mais Sol, Liberdade e Justiça Social para todos irem fazendo o que podem, para que as costas folguem, e se crie no Mundo, ao nível cósmico, uma nova visão da Governança, e também para que tudo isto não precise de milénios para acontecer, mas se for esse o caminho, interessa não desistirmos….
Esperemos que um futuro mais justo não precise da Eternidade.
andrade da silva 22 Dez. 08
PS: Estava, pelas 13h, a colocar este post, quando fui surpreendido por um pedido de ajuda de quem conhecemos, fiquei sem respiração e sem capacidade de editar este texto, faço-o, agora, mas o problema mantém-se, nem sequer consigo avaliá-lo, e, muito menos, contribuir, de um modo satisfatório, para a sua solução, porque vivo financeiramente limitadíssimo.
1 comentário:
Epígrafe
Ary dos Santos
De palavras não sei. Apenas tento
desvendar o seu lento movimento
quando passam ao longo do que invento
como pre-feitos blocos de cimento.
De palavras não sei. Apenas quero
retomar-lhes o peso a consistência
e com elas erguer a fogo e ferro
um palácio de força e resistência.
De palavras não sei. Por isso canto
em cada uma apenas outro tanto
do que sinto por dentro quando as digo.
Palavra que me lavra. Alfaia escrava.
De mim próprio matéria bruta e brava
--- expressão da multidão que está comigo.
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