...quis o acaso, ou não, que escrevesse este texto neste Domingo, 8 de Março,
DIA Das Mulheres, a quem envio, hoje e sempre, um beijo
madeirense de mar, sal, ondas, sol, serra e esterlícias, especialmente
para as minhas amigas ,e irmãs gémeas da diáspora Portuguesa e de todas
as diásporas, e, ainda, às de África, Ásia, Américas e Gaza. Beijos....
DIA Das Mulheres, a quem envio, hoje e sempre, um beijo
madeirense de mar, sal, ondas, sol, serra e esterlícias, especialmente
para as minhas amigas ,e irmãs gémeas da diáspora Portuguesa e de todas
as diásporas, e, ainda, às de África, Ásia, Américas e Gaza. Beijos....
Segunda-feira, relativamente cedo, o metro vai cheio. Algures, entra uma senhora de meia idade, senta-se ao meu lado, trás uma caniche toda vestida, casaco, calças e uma beleza na orelha do bicho. Olhei a pobre caniche, e senti-me triste, e disse para comigo, pobre cadelinha.
Bem, estas coisas fazem-me sempre lembrar os milhares de índios, que no Brasil, com os nossos brandos costumes matamos, ao dar-lhes roupas para elas e eles cobrirem os seus corpos. Os nus delas seduziam os homens, sempre estes tipos que só pensam no pecado da carne. Todavia a culpa do pecado para a Igreja e para os juízes, alguns, nunca é da testerona, mas da tentação diabólica disfarçada de mulher ( doce, querida e divina tentação! Que abismo de sonho e liberdade!).
Compreendo a Igreja, porque se pusesse a culpa na testerona, então, como esta é dada por Deus, andar por aí a fazer sexo, seria natural, uma vontade de Deus e nunca pecado. Eu penso, tenho a certeza, que Deus, pensa assim, os frustrados sexuais da Igreja de Pedro é que não.
Antes que me espalhe e diga o que é pouco conveniente, a liberdade de expressão não é um XL e muito menos um XXXL, passo outra vez à viagem de metro.
Falava da caniche, e cada vez mais aquela humanização trapal da caniche me puxava pela língua. Não resisti e evocando a experiência colonizadora do Brasil referi que a nossa caniche podia adoecer, e, assim, se estabeleceu um diálogo muito interessante que passo a reproduzir
Que não, dizia a senhora, e que a caniche vestia coisas da chic que dava parte dos seus rendimentos para apoio às crianças, o que louvei. Que a caniche tinha vários nomes, quatro, que enumerou, eram os das madrinhas da caniche, suas sobrinhas. Retorqui-lhe que a sorte da caniche era não ter de assinar o nome. Lembrei-me do meu filho que para ter os apelidos andrade da silva que, então, me parecia ter algo a ver com a história deste país, e Camões Galhardas porque eram nobres, tem um nome do tamanho da vã vaidade dos pais, pais honrados que desejam o melhor para o pute. O meu filho perdoa-nos, e ,ainda, por cima grama-nos, e há quem diga mal dos jovens!
Logo de seguida, mostrou-me as fotografias das quatro sobrinhas, e disse que no dia dos anos da caniche iam a um restaurante comemorar o aniversário que tinha de ser num restaurante com esplanada. Lá lhe ia dizendo nas abertas que a senhora consentia que se fosse em Bruxelas podia ir a um restaurante coberto, porque aí, até os cães têm grandes direitos, mais que alguns humanos em Portugal. Ser civilizado é diferente de ser novo-rico, ou empertigado.
Lá me perguntou, a bondosa senhora, se eu tinha algum cão, disse-lhe que tinha um gato. Logo me perguntou o nome, disse-lhe que se chamava patusco, mas que não era nada patusco que já me tinha dado uma simpática dentada que me fez andar três semanas de mão ao peito.
Mas ela não se deu por vencida, achou que o gato ter só um nome era muito pobre, mesmo depois de lhe dizer que o gato era um ex- sem-abrigo, aconselhou-me, bondosamente, a dar-lhe vários nomes, só, assim, seria gente entre os gatos. Eu que não, porque o gato já fica baralhado com o nome de patusco. Não percebo, porque lhe demos um nome tão ridículo. Também não sei, quem o deu, julgo que foi a minha mãe, e isto passa a ser matéria fora de revisão. É uma questão fechada, pronto.
Rimos muito, todos, os que ali iam, foi um óptimo início de segunda-feira e semana. O comboio chegou ao Marquês, dissemos adeus à senhora e um até sempre.
Também me lembrei que quando criança dava aulas de português e aritmética aos gatos, não sei se aprenderam, mas eu aprendi, fiquei a saber, porque é que os portugueses vão a conferencias e entram mudos e mudos saem, são como os sábios gatos. Se falassem quem seria capaz de os chamar sábios.
Como o mundo simples é belo!
Andrade da silva
PS: Esta foi uma bela segunda-feira, viajei no metro com o meu camarada Marcelo, desembarcamos no Rato, a nossa colega Sandra ( uma grande amiga e colega, quase todas as mulheres que conheço, digo, sem favor, são umas grandes cidadãs) deu-nos boleia até à Escola de Saúde Militar. Contei - lhe a história, ainda rimos. Depois na Escola fomos muito bem recebidos pelo Sr.Major General Carlos Lopes, comandante daquele estabelecimento.
Trabalhamos durante a manhã, no fim dos trabalhos acompanhou-nos o professor António Fidalgo. Almoçamos todos num restaurante com ares de alentejano. Foi um grande e bom dia. Um hino à vida.
Bem, estas coisas fazem-me sempre lembrar os milhares de índios, que no Brasil, com os nossos brandos costumes matamos, ao dar-lhes roupas para elas e eles cobrirem os seus corpos. Os nus delas seduziam os homens, sempre estes tipos que só pensam no pecado da carne. Todavia a culpa do pecado para a Igreja e para os juízes, alguns, nunca é da testerona, mas da tentação diabólica disfarçada de mulher ( doce, querida e divina tentação! Que abismo de sonho e liberdade!).
Compreendo a Igreja, porque se pusesse a culpa na testerona, então, como esta é dada por Deus, andar por aí a fazer sexo, seria natural, uma vontade de Deus e nunca pecado. Eu penso, tenho a certeza, que Deus, pensa assim, os frustrados sexuais da Igreja de Pedro é que não.
Antes que me espalhe e diga o que é pouco conveniente, a liberdade de expressão não é um XL e muito menos um XXXL, passo outra vez à viagem de metro.
Falava da caniche, e cada vez mais aquela humanização trapal da caniche me puxava pela língua. Não resisti e evocando a experiência colonizadora do Brasil referi que a nossa caniche podia adoecer, e, assim, se estabeleceu um diálogo muito interessante que passo a reproduzir
Que não, dizia a senhora, e que a caniche vestia coisas da chic que dava parte dos seus rendimentos para apoio às crianças, o que louvei. Que a caniche tinha vários nomes, quatro, que enumerou, eram os das madrinhas da caniche, suas sobrinhas. Retorqui-lhe que a sorte da caniche era não ter de assinar o nome. Lembrei-me do meu filho que para ter os apelidos andrade da silva que, então, me parecia ter algo a ver com a história deste país, e Camões Galhardas porque eram nobres, tem um nome do tamanho da vã vaidade dos pais, pais honrados que desejam o melhor para o pute. O meu filho perdoa-nos, e ,ainda, por cima grama-nos, e há quem diga mal dos jovens!
Logo de seguida, mostrou-me as fotografias das quatro sobrinhas, e disse que no dia dos anos da caniche iam a um restaurante comemorar o aniversário que tinha de ser num restaurante com esplanada. Lá lhe ia dizendo nas abertas que a senhora consentia que se fosse em Bruxelas podia ir a um restaurante coberto, porque aí, até os cães têm grandes direitos, mais que alguns humanos em Portugal. Ser civilizado é diferente de ser novo-rico, ou empertigado.
Lá me perguntou, a bondosa senhora, se eu tinha algum cão, disse-lhe que tinha um gato. Logo me perguntou o nome, disse-lhe que se chamava patusco, mas que não era nada patusco que já me tinha dado uma simpática dentada que me fez andar três semanas de mão ao peito.
Mas ela não se deu por vencida, achou que o gato ter só um nome era muito pobre, mesmo depois de lhe dizer que o gato era um ex- sem-abrigo, aconselhou-me, bondosamente, a dar-lhe vários nomes, só, assim, seria gente entre os gatos. Eu que não, porque o gato já fica baralhado com o nome de patusco. Não percebo, porque lhe demos um nome tão ridículo. Também não sei, quem o deu, julgo que foi a minha mãe, e isto passa a ser matéria fora de revisão. É uma questão fechada, pronto.
Rimos muito, todos, os que ali iam, foi um óptimo início de segunda-feira e semana. O comboio chegou ao Marquês, dissemos adeus à senhora e um até sempre.
Também me lembrei que quando criança dava aulas de português e aritmética aos gatos, não sei se aprenderam, mas eu aprendi, fiquei a saber, porque é que os portugueses vão a conferencias e entram mudos e mudos saem, são como os sábios gatos. Se falassem quem seria capaz de os chamar sábios.
Como o mundo simples é belo!
Andrade da silva
PS: Esta foi uma bela segunda-feira, viajei no metro com o meu camarada Marcelo, desembarcamos no Rato, a nossa colega Sandra ( uma grande amiga e colega, quase todas as mulheres que conheço, digo, sem favor, são umas grandes cidadãs) deu-nos boleia até à Escola de Saúde Militar. Contei - lhe a história, ainda rimos. Depois na Escola fomos muito bem recebidos pelo Sr.Major General Carlos Lopes, comandante daquele estabelecimento.
Trabalhamos durante a manhã, no fim dos trabalhos acompanhou-nos o professor António Fidalgo. Almoçamos todos num restaurante com ares de alentejano. Foi um grande e bom dia. Um hino à vida.
2 comentários:
Andrade da Silva,
Como eu gostaria de saber escrever assim!.
A sua criatividade, versatilidade e consequente facilidade de expressão causa inveja. Claro que uma inveja sadia. Obrigada por esta história tão linda do quotidiano. tão. E que, embora simples transmite uma grande Mensagem e nos deixa a pensar no encanto da vida e não só...Mª José Gama
Cara Maria José
A sua generosidade e a de quem me lê são imensas, pois sei que não sou um escritor, sou um ouvidor, por vezes até oiço os gritos, gritados em silêncio, algum dos meus colegas, diria o tipo já ouve vozes, pior gritos,o tipo tem um sintoma grave, dizem que de esquizofrenia...bem, depois de ouvidor de gritos( espero não estar a roubar o conceito a Mário Soares) sou um gritador, eis-me definido.
Bem- haja e bem vinda, neste dia de muita luz e sol.
Bom Domingo
abraço
asilva
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