terça-feira, 17 de março de 2009

POEMA














RADIOGRAMA

As sirenes do mundo soltam arrepios:

Espanha permanece envolta

em labaredas

de fogo posto.

Os incendiários

romperam pelo sul.

Trouxeram beduínos,

tuaregues

e tribos malfazejas.

À frente, a comandar,

um celerado

promovido, de urgência,

a general.

De toda a parte acorrem forças,

braços, ombros e peitos denodados,

pedregulhos de vontades

a erguer um muro contra o ódio.

Só que é já impossível romper o cerco

que asfixia e esmaga a liberdade.

A argamassa não consegue endurecer,

a muralha cede e desmorona-se

em homens, em mulheres, em crianças,

esquartejadas por sabres e metralha,

espalhadas pelos campos

em sementeiras de sangue,

chagas indeléveis

rasgadas no dorso de Espanha,

rolando nas planícies e montanhas,

e afogando-se nos rios do tempo.

Todavia as sirenes continuara

a alertar o futuro.

Carlos Domingos

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