RADIOGRAMA
As sirenes do mundo soltam arrepios:
Espanha permanece envolta
em labaredas
de fogo posto.
Os incendiários
romperam pelo sul.
Trouxeram beduínos,
tuaregues
e tribos malfazejas.
À frente, a comandar,
um celerado
promovido, de urgência,
a general.
De toda a parte acorrem forças,
braços, ombros e peitos denodados,
pedregulhos de vontades
a erguer um muro contra o ódio.
Só que é já impossível romper o cerco
que asfixia e esmaga a liberdade.
A argamassa não consegue endurecer,
a muralha cede e desmorona-se
em homens, em mulheres, em crianças,
esquartejadas por sabres e metralha,
espalhadas pelos campos
em sementeiras de sangue,
chagas indeléveis
rasgadas no dorso de Espanha,
rolando nas planícies e montanhas,
e afogando-se nos rios do tempo.
Todavia as sirenes continuara
a alertar o futuro.
Carlos Domingos
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