quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

POBRES DOS NOSSOS RICOS

Mia Couto - Poeta Moçambicano 
 http://pt.wikipedia.org/wiki/Mia_Couto

POBRES DOS NOSSOS RICOS


A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos. 
 
Mas ricos sem riqueza.
Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados.
Rico é quem possui meios de produção.
Rico é quem gera dinheiro e dá emprego.

Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro, ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele.


A verdade é esta: são demasiados pobres os nossos "ricos". 

Aquilo que têm, não detêm. 
Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros. 
É produto de roubo e de negociatas.
Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram. 
Vivem na obsessão de poderem ser roubados. 
Necessitavam de forças policiais à altura.
Mas forças policiais à altura acabariam por lançá-los a eles próprios na cadeia. 
Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade.
Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem ...
MIA COUTO
  


8 comentários:

andrade da silva disse...

Bom retrato, inteligente, lógico, honesto e sóbrio, mas como o classificaria o deputado do PS Sousa Pinto que acha que todos os ricos e empresários são gente de bem?

De facto num país decente e com uma justiça a sério muitos que são considerados senhores estariam presos, mas como a imoralidade e o deboche é a regra da politica Mundial, como se está revelando, a podridão cobrirá todo o Ocidente, que será redimido pela cruel ditadura chinesa ou pela a ala esquizofrénica e terrorista dos islamitas.

Mas nada disto interessa à maioria que na melhor das hipóteses pensa no seu umbigo e frigorífico.

asilva

Marília Gonçalves disse...

enquanto tiver e frigorífico e com que o ir enchendo (mal)

Marília

Marília Gonçalves disse...

José Saramago - No Silêncio dos Olhos


No Silêncio dos Olhos

Em que língua se diz, em que nação,
Em que outra humanidade se aprendeu
A palavra que ordene a confusão
Que neste remoinho se teceu?

Que murmúrio de vento, que dourados
Cantos de ave pousada em altos ramos
Dirão, em som, as coisas que, calados,
No silêncio dos olhos confessamos?

José Saramago

Marília Gonçalves disse...

O pior analfabeto é o analfabeto político.


O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão,
Do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio
Dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia
política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta,
O menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista,
Pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."
Nada é impossível de Mudar
"Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de
hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem
Sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
De humanidade desumanizada, nada deve parecer natural
Nada deve parecer impossível de mudar."
Privatizado
"Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar.
É da empresa privada o seu passo em frente,
Seu pão e seu salário. E agora não contente querem
Privatizar o conhecimento, a sabedoria,
O pensamento, que só à humanidade pertence”

Bertolt Brecht

Marília Gonçalves disse...

Tal como antigamente

Tal como antigamente tal como agora
Essa estrela esse muro
Esse lento
Esse morto
Sorrir
Nenhum acaso
Nenhuma porta
impossível sair

António Ramos Rosa

Marília Gonçalves disse...

não me venham dizer que a opinião, sentida e reflectida de tanta gente boa,os avisos incessantes com conhecimento de causa, pode ser ignorada, para deixar triunfar a vilanagem e a putrefacção?!
Que Mundo querem vocês para os vossos filhos? para as vossas descendências?
pensam que se escreve por escrever? que não dá trabalho? que pôr as ideias em ordem e ter a coragem de se assumir o que se escreve é um passatempo?
ora bolas para quem tal pensar! e para os desmiolados não digo o que penso, por uns restos de delicadeza poética, que não sei se vai aturar ainda muito tempo!
Convosco apesar do vosso desleixo

Marília Gonçalves

Marília Gonçalves disse...

não me venham dizer que a opinião, sentida e reflectida de tanta gente boa,os avisos incessantes com conhecimento de causa, pode ser ignorada, para deixar triunfar a vilanagem e a putrefacção?!
Que Mundo querem vocês para os vossos filhos? para as vossas descendências?
pensam que se escreve por escrever? que não dá trabalho? que pôr as ideias em ordem e ter a coragem de se assumir o que se escreve é um passatempo?
ora bolas para quem tal pensar! e para os desmiolados não digo o que penso, por uns restos de delicadeza poética, que não sei se vai aturar ainda muito tempo!
Convosco apesar do vosso desleixo

Marília Gonçalves

Marília Gonçalves disse...

Vai-te, Poesia!

Deixa-me ver a vida
Exacta e intolerável
Neste planeta feito de carne humana a chorar
Onde um anjo me arrasta todas as noites para casa pelos cabelos
Com bandeiras de lume nos olhos,
Para fabricar sonhos
Carregados de dinamite de lágrimas.

Vai-te, Poesia!

Não quero cantar.
Quero gritar!

José Gomes Ferreira