De José Régio
Soneto quase inédito
Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.
Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.
E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,
Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.
JOSÉ RÉGIO Soneto escrito em 1969, no dia de uma reunião de antigos alunos.
Tão actual em 1969, como hoje...
E depois ainda dizem ...
(enviado por Amigo, Cineasta e Professor de Cinema. Marília)
Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.
Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.
E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,
Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.
JOSÉ RÉGIO Soneto escrito em 1969, no dia de uma reunião de antigos alunos.
Tão actual em 1969, como hoje...
E depois ainda dizem ...
(enviado por Amigo, Cineasta e Professor de Cinema. Marília)
3 comentários:
Atual e muito bom. Obrigada!
O valor duma diferença
tem tido o preço da paz
por cada um ver ofensa
em tudo o que o outro faz.
Só por desconhecimento
tanta vida se perdeu!
Tanta dor e sofrimento
tanta lágrima correu!
O verdadeiro caminho
que leva à fraternidade
é vermos cada vizinho
igual em dignidade.
Quando a distancia é maior
vencer a ignorância
será olharmos melhor
sem medo nem relutância.
Ver na cultura diferente
um direito a respeitar
deitando à terá a semente
que breve irá germinar.
Uma árvore de amor
de terna compreensão
fará o mundo melhor
- os povos de mão na mão.
Mas se a força persistir
cruel d’obscurantismo
nosso mundo irá ruir
no maior cataclismo.
Marília Gonçalve
Mais uma vez obrigada. Pela poesia e pela sua visita.
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