sábado, 8 de janeiro de 2011

Cordéis do sorriso à medula!!!



De José Régio


Soneto quase inédito


Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.

Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.

JOSÉ RÉGIO Soneto escrito em 1969, no dia de uma reunião de antigos alunos.

Tão actual em 1969, como hoje...
E depois ainda dizem ...

(enviado por Amigo, Cineasta e Professor de Cinema. Marília)

3 comentários:

Helena disse...

Atual e muito bom. Obrigada!

Marília Gonçalves disse...

O valor duma diferença

tem tido o preço da paz

por cada um ver ofensa

em tudo o que o outro faz.



Só por desconhecimento

tanta vida se perdeu!

Tanta dor e sofrimento

tanta lágrima correu!



O verdadeiro caminho

que leva à fraternidade

é vermos cada vizinho

igual em dignidade.



Quando a distancia é maior

vencer a ignorância

será olharmos melhor

sem medo nem relutância.



Ver na cultura diferente

um direito a respeitar

deitando à terá a semente

que breve irá germinar.



Uma árvore de amor

de terna compreensão

fará o mundo melhor

- os povos de mão na mão.







Mas se a força persistir

cruel d’obscurantismo

nosso mundo irá ruir

no maior cataclismo.


Marília Gonçalve

Helena disse...

Mais uma vez obrigada. Pela poesia e pela sua visita.