segunda-feira, 16 de julho de 2012

ESTA LISBOA BEM PORTUGUESA, ALEGRE…. E ESTA OUTRA LISBOA DOR..


Andei, hoje, Domingo, dia 15 Julho 2012, por  Lisboa do Intende ao Chiado, vi e vivi as Lisboas que amo e as que me doem.



O meu amigo Tiago, da secção do PS da Almirante Reis, há uns anos, pediu-me  para  dar um contributo para o programa candidato à junta da freguesia dos Anjos na vertente segurança e dinamização cultural daquela zona.

Quanto à segurança não falarei, por agora, conquanto defenda que os sem-abrigo têm direito a uma habitação, mas na ausência desta, deve ser-lhes concedido um abrigo. Não está reconhecido o direito a ninguém de dormir nas ruas, porque não têm habitação, e depois porque sim , … mas adiante.

Todavia, na vertente de Dinamização,  propunha as festas pelos bairros e até interculturais. Andei por aquelas ruas a ver o que se poderia fazer na área da recuperação urbana ( sou licenciado, com um curso de 5 anos, pelo ISCTE, em sociologia urbana) e vi ruas com nomes dos países de Angola, Moçambique etc, e também pelo muitos comerciantes de várias etnias, o que me levou a adiantar essa ideia de eventos musicais e outros, de modo a trazer vida e gente para as ruas naquelas áreas e em todas as áreas urbanas de Portugal – é o que penso, também é-me muito fácil pensar assim, sou madeirense, e na Madeira estamos sempre, isto é, quase sempre, a festejar alguma coisa: bela, linda, mas os tempos, infelizmente, neste campo podem estar a mudar para negro, para a ausência de festas, e, então, morremos: Morre um povo, O POVO DA MADEIRA.

Mas hoje vi e vivi a Lisboa que amo, a Lisboa da Festa, no Intendente um grupo jovem e animado tocava música muito dinâmica. Os jovens pulavam,  a cerveja Sagres, a um euro o copo, corria, mas um homem já entradote ainda superava os jovens na dança e nos gestos - um assombro. Pensei que seria animador de um grupo, mas, mais tarde, vi-o só no Chiado, e pensei que talvez seja mesmo assim, estando só – uma força da natureza, belo.

No Martim Moniz  gente de meia idade mulheres e homens, sentados, ouviam, num espectáculo ao ar livre ,um fadista, e com que entusiamo o ouviam!  Muito o aplaudiam no fim das intervenções.

No Chiado estavam  os cantores ambulantes  sós e em banda e entre eles uma criança. Também  o homem estátua suspenso de uma bengala  lá estava, a desenhar gestos espantosos, o que, face  àquela suspensão se torna misterioso, e um acontecimento que muito divertia as crianças que assistiam à exibição,  e  deu uma grande trabalheira  a um cidadão africano que queria tirar uma foto, mas ao que parece o seu telemóvel não estava lá muito de acordo, ou, então,  o tempo e as tentativas seriam  para tirar a foto na melhor pose.

Mas esta Lisboa, bem portuguesa, também está no sentir bem português de um  povo pobre que embandeiram as suas casas humildes com a bandeira verde rubra, o pretexto será  a selecção de futebol, mas a razão de fundo chama-se Portugal, do que, a foto dá indelével testemunho.
Contudo esta Lisboa bela  e linda não podia deixar de mostrar-me  as suas feridas, e não muito longe da festa do Intendente e a dois passos da entrada principal da sede do Bloco de Esquerda jazia um sem-abrigo, em que ele – pessoa  - e os trapos e talvez as pulgas, porque ele se coçava sem parar,  era um todo. Mas que fiz eu? O mesmo que os outros, passei ao largo, neste momento nem moeda decente tinha.

Porém ,  mesmo antes deste encontro com um homem feito farrapo, subi um pouco a Rua Maria da Fonte e que dor, my God! a ver por ali tanta casa, lindas quintas, totalmente abandonadas – MY GOD, que dor!

Saindo do Martim Moniz, ( está com um lindo arranjo)   cheguei à Praça da  Figueira e nova dor, à boca do metro um homem encardido e julgo que cego remexia-se à espera da moedinha, já estava municiado e dei, ele sussurrou qualquer coisa que não entendi – também sou artilheiro, logo ouvir… –  nem distingui se era uma palavra, mesmo um  monossílabo, ou outra qualquer coisa.
Mais à frente, a cinco metros   da boca o metro, um rapaz com uma garrafa de cerveja de litro e meio, com as calças arregaçadas urinava. Sendo homem até pensei que estaria a resolver outras necessidades, mas era mesmo urinar. O que se pode ver por Lisboa, quando se anda  a pé e observa!

Mas aqui, nesta praça, ainda, um jovem-adulto com  malas, cobertores e dois cães montou a sua  “ suite” numa das paragens de autocarro. Todavia deve ter tido a infeliz ideia de ir perturbar a mui selecta  freguesia – quantos BNP, por esse mundo fora? – da pastelaria Suíça. O gerente chamou a PSP que ali acorreu, e interrogaram o homem, identificaram-no, comunicaram para a esquadra os dados daquele novel sem-abrigo, julgo, e  durante uns 10-15 minutos assisti à distância ao interrogatório, mas tive de partir, e, depressa, porque poderia, uma vez mais, intervir, como o fiz, aquando do sequestro pela PSP de centenas de cidadãos nos autocarros da Lisboa transportes, numa operação Stop, por aquela companhia de transportes encomendada.

 Todavia, tamanha barbaridade, nem beliscou o sossego dos meus amigos virtuais que, de um modo geral, levantam bem alto, e bem,  os seus pergaminhos de cidadania,  quando um militante dos seus partidos é desrespeitado, mas estes casos da politica do quotidiano de desprezo pelos cidadãos parece não os incomodar, e é pena, porque perdida a  liberdade só quem tiver vocação para a vitimação poderá  vivenciar algo de transcendente,  mas será terrível para quem gosta de amar ao luar, e para estes é preciso travar TODAS AS BATALHAS PELA LIBERDADE, sem esperar as directivas burocráticas dos seus partidos.

 A luta deve ser global, de todo o Povo e de cada cidadão, como o dizia já em 1975.

Somos um país com muita gente maravilhosa, mas temos cínicos a mais, e, por isto, a DEMOCRACIA vai a caminho do seu funeral, quase irreversível.

Mas, hoje sobretudo quero dizer:  adoro a Lisboa do fado, da sardinha, do amor e das lindas Tágides. Tágides baixai o vosso olhar para quem tanto vos adora.

andrade da silva

1 comentário:

Marília Gonçalves disse...

Também eu adoro Lisboa, de que me serve? para ir morrendo de saudade da Cidade onde nasci, na Av. da República, às mãos do Dr Pedro Monjardino, tal como meu irmão 11 anos mais tarde!Mas meu irmão, vive muito perto de si e trabalha em Lisboa, enquanto eu, há cerca de 7 anos que não consigo ir a Portugal!
tanto me bato Por Portugal, meu amor e pelo povo que se deixa ir esganando e como recompensa, não consigo ver o País que é a minha alegria de viver!
Injustiça? talvez, mas hoje na dor que nos aflige a Pátria, o que pesa a minha isolada e solitária dor?

Abraço amigo Capitão.
Talvez que se Abril se renovar potente e forte, este estado de coisas mude, para todos!
Mas para tal tem o povo que despertar, senão com o tempo, acostuma-se ao não ser em que anda e depois é que são elas!

Marília Gonçalves